Há Dias Em Que Concordo Muito Com O Pacheco Pereira

Sinal da idade… E não é por ser 1 de Abril. Não usaria o termo “pide”, mesmo com aspas, mas o resto está lá (quase) tudo.

Este é um artigo inútil. Nada do que aqui está, seja o que escrevi, seja o que “acontece” no que escrevi, muda alguma coisa. Se não achasse que é minimizar uma das figuras mais criativas da literatura, Dom Quixote de la Mancha, o Cavaleiro da Triste Figura, podia usar a classificação comum de “quixotesco”. Mais: não só não muda nada, como vai ser cada vez pior. As mais poderosas forças do mundo, boas, semiboas, más e muito más, vão todas no mesmo sentido e sem controlo. O controlo é do domínio da pura ficção. Quem quer usá-las usa e infelizmente há muita gente a querer usá-las, a começar por aqueles que deviam ter consciência dos seus riscos. Há pouca coisa realmente mais apocalíptica nos dias de hoje do que isto. O que é “isto”?

(…)

Depois, vêm os dados do almoço e do jantar, o que comeu, com quantas pessoas comeu. Uma é suspeito, duas é ainda mais suspeito, três começa a conspiração. A seguir chegam os dados da farmácia e, mais importante ainda, da Via Verde. Onde entrou e onde saiu, quanto tempo demorou. Parou numa área de serviço para ter um encontro, ou para entregar sub-repticiamente um pacote? Acede-se então às câmaras de vigilância. Saiu no Porto, será que a Rua Sá de Miranda onde “tudo arde” é no Porto? Bom, há ali umas instalações universitárias, e perto está o Jardim da Arca de Água e, como ele comprou o Ambientalista Céptico, será que vai envenenar os patos? O “pide” toma nota para posterior investigação. E por aí adiante.

A questão é simples: se houver uma deriva autoritária (e em muitos aspectos estas tecnologias “empurram” para essas derivas), o “pide” moderno não precisa de qualquer lei especial, só acesso. O “pide” lastima-se mentalmente pelo facto de os humanos ainda não terem chips como os cães e passa em revista os mil e um argumentos de eficácia que justificariam os chips. O problema é que os cidadãos comuns também cedem ao comodismo e à facilidade de andarem com a ficha médica e o número fiscal metido no corpo.

Entretanto…

Federação Nacional dos Médicos (Fnam) admite novas formas de luta se não existem acções concretas. Próximas reuniões estão marcadas para meados de Abril.

Sindicato dos funcionários judiciais anuncia novo protesto entre a Páscoa e as férias judiciais do Verão.

(Expresso, 31 de Março de 2023)

Hoje, Forte Da Casa

Material enviado pela Cristina Pereira.

Manifestação no Forte da Casa, hoje, final de tarde.

Colegas do agrupamento do Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria juntaram-se para se manifestarem entre as 16 e as 18h durante uma sessão solene onde estava o IMT, DGAE e DGE para assinarem aquilo das bicicletas que vão dar às escolas para termos mais uns monos que ficam logo estragados e para o qual não “maaaney” para fazer manutenções!

As colegas fizeram-lhes uma espera bem barulhenta e não saírem de dentro da escola, enquanto os manifestantes não desmobilizaram a conselho da PSP quando eram 18h.

Já Estes Resultados É Que Deveriam Fazer O Situacionismo Governativo Repensar A Sua Atitude

Porque neste momento parece inegável que se sente a ameaça que paira sobre o funcionamento de uma Democracia plena, em que os direitos só são reconhecidos quando dá jeito.

É um dos fatores que mais tem marcado o início do ano e que, a julgar pelos números, vai continuar a marcar. A contestação saiu à rua, com manifestações em massa e paralisações em vários sectores. Mas para os inquiridos na sondagem as greves não têm afetado particularmente o dia a dia (74% dizem-se “pouco” ou “nada” afetados). E um imenso consenso considera-as hoje tão ou ainda mais necessárias do que no passado — é o que responde a esmagadora maioria (87%).

Sondagens (Paradoxalmente) Positivas Para O PS

Sondagens que apresentam um empate técnico entre PS e PSD na casa dos 30%, com o Chega a subir, nesta altura, parece-me mais positiva do que se possa pensar para o dito PS. Porque permite acenar com o papão da extrema-direita, pois o PSD e a IL não conseguem ter maioria para governar, assim mobilizando o eleitorado que ora é seu, ora não é. Sem eleições no horizonte, com um PSD com anemia crónica, o PS pode descer agora que a ascensão do Chega é uma espécie de salva-vidas que o manterá à tona, por inabilidade evidente do Bloco e PCP conseguirem capitalizar uma insatisfação de cuja responsabilidade, junta ou injustamente, com o seu desempenho durante a geringonça, não se conseguem escapar por mais manifestações que promovam.

“E Não Tens Medo Que Não Te Voltem A Convidar?”

Não, porque no dia em que começar a calcular ao milímetro as minhas opiniões ou apreciações factuais, só para não desagradar a quem tem certos poderes nas mãos, acabo por trair as minhas convicções e é nesse momento que perco o respeito, não apenas dos outros, mas de mim próprio. Se andar nisto apenas para manter um lugar na coreografia geral, algo está errado. Quantas vezes desejo que, em vez de convites, existissem soluções. Que em vez de andar a contraditar, pudesse aquiescer de coração aberto.

Portanto, não, não me incomoda nada “desaparecer”. Por vezes, até faço por isso. Em tempos (Março 2015 e não de 2011) até tive a esperança de que isso fosse possível. Só queria que me deixassem fazer o meu trabalho com os alunos em paz, em condições, com meios nas escolas para isso e que sobrasse algum tempo para os que me são próximos e para os meus mais do que conhecidos vícios.

(DN, 31 de Março de 2015, lá está, quando o DN ainda se interessava… embora a foto seja de 2009)