Depoimento completo para esta peça do JN sobre a tentativa de reintrodução das grammar schools em Inglaterra.
Discordo que uma escola pública – ou financiada com dinheiros públicos – faça esse tipo de selecção à entrada, em tal idade. Este tipo de prática poderá ser admissível em escolas privadas com projectos elitistas ou mesmo confessionais, mas não num sistema público que se pretenda universal e de acordo com os princípios da igualdade de oportunidades e da equidade de tratamento.
No caso português, se esses mecanismos se tornarem formais/legais, teremos o aumento da desigualdade de condições de funcionamento nas escolas públicas que já neste momento funcionam a 2 ou 3 velocidades, conforme foram intervencionadas pela Parque Escolar, receberam algumas obras de beneficiação ou foram esquecidas por completo, funcionando sem laboratórios ou mesmo um pavilhão para a prática da Educação Física.
No caso das escolas do 1º ciclo, a progressiva destruição de uma rede escolar com cobertura de proximidade criou situações de enorme discriminação entre os alunos que vivem junto da “sede” e aqueles que necessitam de fazer, em alguns casos, perto de uma hora para lá chegarem ou regressarem a casa. Sujeitar esse alunos ainda a uma espécie de despiste no 4º ano para decidir em que tipo de escola têm vaga é profundamente incorrecto e injusto.
Este tipo de estratagemas são geradores de situações de iniquidade que não são aceitáveis na rede pública de ensino e visam replicar os procedimentos de acesso reservado e elitista de algumas escolas privadas, porventura com o objectivo de serem “concorrenciais” no “mercado” dos rankings, mas a rede pública não se deve submeter, em nenhum caso, à lógica mercantil da iniciativa privada no sector. Deve elevar a qualidade do seu desempenho sem recorrer a esse tipo de estratégias que, em termos globais, apenas tornam o ensino público mais desigual, reduzindo a sua coesão.
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Se os putos tóxicos do chá mandassem na educação, teríamos mesmo que gramar escolas destas.
Onde, por ironia, muito provavelmente não teriam tido lugar por mérito…
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A Escola foi, em muitos casos, força de ascensão social. Pelo menos na primeira metade dos tais 40 anos. Hoje em dia, muita miséria se esconde, e não sei mesmo se a desmotivação de muitos não é falta de alimento no estomago. Preocupa-me isso. Depois vão para os vocacionais… e já se sabe.
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