A New Coalition of Elite Colleges Tries to Reshape Admissions
The Test-Optional Surge
Dia: 3 de Janeiro, 2016
Presidenciais – 3
Um tema que tem aparecido nas prosas de alguns críticos do candidato António Sampaio da Nóvoa tem a ver com o seu currículo. Ainda não percebi bem se é para desvalorizar o percurso intelectual e académico (e nesse caso… os candidatos com mentalidade relvista terão que desvalorizar essa faceta, por exemplo, de Marcelo Rebelo de Sousa), se é para sublinhar que ele não tem um pedigree político nascido do sistema (e se assim é, não se percebem bem as críticas que lhe são feitas por candidatos anti-sistema como Henrique Neto que em debate recente pareceu baralhar-se nas suas próprias ideias a esse respeito).
Mas tomemos o assunto assim de frente e tomemos como comparação os outros dois candidatos do pelotão da frente (sim, já sei… estou a desvalorizar de forma pouco democrática mais de meia dúzia de candidatos, mas acho que ainda bem para alguns) e diga-se sem receio: mais vale ter um currículo político tradicional menos longo do que o ter e precisar de disfarçar parte dele ou fazer esquecer quantas piruetas ele já deu.
Neste último caso, recomenda-se – pela proximidade nas bancas – o generoso perfil de 12 páginas de Marcelo Rebelo de Sousa no Sol deste fim de semana (assim como 7 páginas do Público de hoje), em que se podem reencontrar as muitas encarnações e reencarnações de Marcelo Rebelo de Sousa, desde as divertidas (mergulhos no Tejo) às infelizes (a fracassada AD com Portas), passando pelas caricatas (a criação de factos políticos). Embora me preocupe pouco a encarnação Marcelo-presidente e ainda menos o facto de ser afilhado de quem foi (argumento que é muito pobre de espírito), a verdade é que há currículos que parecem um catálogo de livros da Anita (na praia, no zoo, a cavalo, em férias, na floresta, vai ao veterinário, na escola, etc, etc).
Já no primeiro caso, incomoda-me bastante que um@ PR tenha no seu currículo profissional – ou político-profissional – a prestação de serviços a grupos económicos com interesses directos na área em que exerceu acção governativa. Eu sei que é assim lá fora, que os lobbys não são ilegais, mas a verdade é que na linha dianteira, mas pouco iluminada, dos apoiantes mais activos de Maria de Belém encontram-se demasiados nomes que já se percebeu estarem ligados ao que também lá fora se chamam interesses corporativos a sério, ou seja, interesses de corporações económicas. E é difícil não perceber que nomes como Jorge Coelho, Francisco Assis ou João Proença dificilmente poderiam suscitar-me algum entusiasmo como figuras de prova de qualquer “movimento”, mesmo que usem outros como testas de ferro.
Resumindo, antes um currículo coerente e transparente do que outros demasiados longos nas suas ramificações ou nas suas inversões.
Presidenciais – 2
Um dos aspectos paradoxais desta pré-campanha eleitoral é o desfasamento entre a capacidade de atrair eleitorado por parte dos candidatos presidenciais com um discurso mais populista e que compete, no seu justicialismo, com aquele tipo de conversa de mesa de esplanada contra os ladrões da política e a corrupção-assim-definida-por atacado.
Henrique Neto e Paulo Morais nem sequer podem queixar-se de falta de espaço mediático porque, nos últimos anos, ambos têm disposto (em especial o segundo) de abundante presença na comunicação social, jornais ou televisões, onde puderam repetir à exaustão a sua mensagem anti-sistémica e anti-corrupção que é muito do agrado da vox populi e que a mim também atrai, em especial quando se tem a coragem necessária para dar um passo adiante e deixar de se ficar pelas enunciações de princípios e referências vagas, que qualquer um de nós pode fazer.
E é isso que eu acho que falta a ambos. A capacidade para, após tantos anos de denúncias generalistas, serem capazes de levantar uma – uma só, que seja – lebre concreta e não se ficarem pelo que o chamado “cidadão anónimo” também poderá dizer, porque embora possam reflectir o que muita gente pensa, a verdade é que não trazem praticamente nenhum valor acrescentado ao bitaite de café. O que eles dizem, eu ou o meu prestável Joaquim das Couves podemos dizer.
Sim todos sabemos que as obras públicas, os contratos com o Estado, as intermediações de privatizações, as assessorias e consultorias, os escritórios de advogados, as administrações de empresas (ex-)públicas ou de grandes grupos privados são elementos de uma rede imensa de desaparecimento de dinheiros públicos em bolsos privados, perdas irreversíveis para o interesse público e factor determinante para a permanência de uma rede clientelar em torno dos negócios público-privados. Quase toda a gente sabe disso e agora já se podem ler alguns elementos bem identificados em obras de jornalistas de investigação. Em termos de arquitectura da corrupção, devemos, entre outros, a Saldanha Sanches, a Maria José Morgado e a Carlos Moreno denúncias feitas em tempo útil. O que nos falta é ir além disso e descobrir – ou fazer descobrir – as coisas antes de ela serem passado. E é nisso que eu acho que Henrique Neto e Paulo Morais falham, porque se parecem cada vez mais com carpideiras que choram qualquer defunto, repetindo até ao enfado o mesmo discurso – um pouco como Medina Carreira sempre com os mesmos gráficos – que agrada a quem berra por Justiça mas parece incapaz de fazer algo em termos pessoais, denunciando aquele tipo que ele conhece que rouba que se farta mas não digas a ninguém porque é amigo da prima do cunhado da minha tia. Ou seja, são uma variante de Marinho Pinto, mas com um pouco mais de civilidade.
Presidenciais – 1
Contra aquilo que é meu hábito, como me chamaram a atenção diversas pessoas amigas reais ou virtuais, optei por declarar com clareza o meu apoio a António Sampaio da Nóvoa nas eleições presidenciais deste ano. Porque o fiz tem duas razões fundamentais e que não demoram muito a explicar.
Há alguns anos, após a reeleição de Cavaco Silva para o triste mandato que está quase a findar, ao olhar para o panorama de personalidades que poderiam ser dignos do cargo e de o cumprir com todas as qualidades desejáveis, António Nóvoa foi desde logo o que me apareceu como o melhor e desejei que viesse a concorrer. Escrevi isso mesmo na altura e repeti mais recentemente que seria a melhor escolha de sempre. E isto achava-o independentemente de quaisquer outros candidatos que viessem a aparecer.
No momento presente, perante situação que vivemos (no pretérito perfeito e no presente), acho que é ele quem reúne as qualidades de independência, coerência lucidez, humanismo e tolerância que o tornam CAPAZ de trazer de volta à Presidência da República o respeito que lhe é devido, enquanto função maior e máxima de um regime cuja credibilidade tantos outros que se orgulham de currículos levaram anos e décadas a degradar.
A três semanas do dia da eleição para PR, ou da 1ª volta dessa eleição, achei que era tempo de, por aqui, ir fazendo a minha crónica desta (pré-)campanha, mas sem deixar de esclarecer para além de qualquer dúvida qual é o meu registo de interesses, não me refugiando no conforto de falsas neutralidades analíticas.