Tenho muitas, todos os dias, a cada aula, a cada momento em que sou obrigado a tomar decisões perante uma sala de aula cheia de pessoas com olhares inquiridores e ajuizadores. É algo que desgasta, decidir com uma frequência que quem está de fora não entende, como reagir perante um comentário despropositado, uma provocação entre alunos, não se limitando a aula a um monólogo com início e fim e sem nada pelo meio. Decidir a um ritmo rapidíssimo, sabendo que uma falha é multiplicada por dezenas de observadores, é algo que está povoado de falhas, de indecisões, de dilemas que só quem anda lá por dentro consegue compreender. O distanciamento ainda não me chegou a esse ponto de não me ralar ou de considerar que decido sempre bem. Porque sei que isso não acontece. E, por vezes, recrimino-me, mesmo se a falha foi de escasso efeito. A segurança nasce da consciência da dúvida e da falibilidade, assim como da capacidade de voltar atrás, recomeçar, reconhecer que algo correu menos bem, saber pedir desculpa quando necessário. A autoridade conquista-se não pela imposição autoritária ou pela negociação permanente, mas pela demonstração que se procura ser justo, mesmo nos momentos menos conseguidos. Em regra, compensa. Mas desgasta, dia após dia, hora após hora, momento após momento. Semanas, anos, mandatos.

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