Confesso que não encontro a solução para alguns paradoxos da Educação. Um deles é o de existir quem queira um padrão da oferta educativa, quiçá mesmo um padrão no sucesso dos alunos (esta conjugação teve a designação mal aplicada há uns 20 anos de igualdade de oportunidades), mas recuse outro tipo de soluções padronizadas entre esses dois pontos. Ser possível, é, mas raramente li ou ouvi uma explicação coerente a este respeito. Por outro lado, há quem defenda o direito à diferença e a liberdade na oferta e nos resultados, mas pretenda soluções padronizadas quanto a procedimentos. Sei que isto sou só eu a atirar barro à parede, mas também é um dos meus papéis por aqui, o nem sempre conseguido esforço para que o pessoal pense antes de apresentar fórmulas absolutas e inquestionáveis. Para isso já nos chegam muitos especialistas.
Sou pela liberdade de oferta e absolutamente pela liberdade nos procedimentos. Aborrece-me bastante que me queiram obrigar a fazer igual a outros. Gosto de experimentar, errar, aprender.
Acho que gosto bastante da liberdade…
Mas a tua ideia: se concretizasses um pouco mais seria mais fácil interpretar o paradoxo.
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Nem mais .
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Sobre este interessante tema, adianto uma breve reflexão (que pretende mais articular as questões que o post coloca ou que sugere do que ser muito “original”).
Para abarcarmos o que aqui está em causa, teremos que compreender que a Educação coloca antes de tudo o mais a interrogação fundamental sobre o homem e a sociedade que queremos construir. A Educação supõe sempre (mesmo quando não o explicita ou, nalguns casos, sobretudo quando não o faz…) uma ideia de homem e de sociedade. Ora, é essa ideia que orienta ou deve orientar o que pretendemos com o ensino. Se queremos um ensino de orientação humanista (que forme integralmente o homem, que o erga à condição de Pessoa), então teremos que ter pedagogias que tratem e compreendam cada indivíduo como uma Singularidade, que estimulem as suas potencialidades, pedagogias que acabam por conduzir naturalmente à diferenciação: no fim (se fim estiver à vista…), cada um deverá ter tido a possibilidade de actualizar ou concretizar o seu potencial, chegando assim a patamares diversos (qualitativamente diversos: o que poderá ser objecto de avaliação, primeiro, e, depois, de classificações, isto já do ponto de visa mais instrumental). A “competição”, o “sucesso” e conceitos afins são aqui secundários, na ordem e na importância. O essencial é conferir a cada um, num plano de igualdade, as oportunidades para alcançar o que o seu potencial pessoal permitir (plano que convoca – aqui de forma mais imediata, por assim dizer -, determinadas opções político-ideológicas de fundo).
Dir-me-ão alguns que isto não passará de um “ideal”. Eu prefiro chamar-lhe uma ideia reguladora, que deve orientar valores, procedimentos e fins – quanto mais próximo estes estiverem daquela, tanto melhor, é para lá que devemos apontar e caminhar quando pensamos na Educação.
(Poupem-me e poupem-se os que a este tipo de texto põem logo o rótulo de eduquês: não gosto de perder tempo a falar de coisas desinteressantes e muito menos a explicá-las…).
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