Quando a perdemos, desaparece a nossa identidade. A consciência de si inclui a memória do trajecto – individual, colectivo – que nos trouxe até ao presente. Quando optamos pelo esquecimento, quando nos impõem mecanismos destinados a forçar uma memória selectiva do passado, é o nosso eu que está ameaçado. Nunca coloquei assim as coisas quando optei por História. Só percebi isso com o tempo, quando entendi em toda a sua plenitude que sem a Memória do que foi nos tornamos escravos dos senhores do presente e o próprio futuro perde sentido. E que é essencial lutar contra quem, mesmo que com as roupagens de historiadores, nos procuram impor uma reconstrução – ou constrição – da Memória. E já em 2006 escrevia isso. Pelo menos de forma mais pública. Uma obsessão pessoal, talvez. Porque Clio é filha de Mnemósine.