Não se consegue agradar a nenhuns dos defensores da pureza do sangue. Em matéria de Educação, é equivalente a ser-se bombardeado dos dois lados de uma barricada desnecessariamente alta e cercada de pessoal muitas vezes intolerante de tão pretensamente tolerante.
Concretizando.
Há quem que, por não considerar maléficas as provas finais de ciclo do ensino Básico, ache que eu sou um fanático pela avaliação, interna ou externa, um obcecado por escalas de classificação e pelo rigor de “um modelo de escola” que se diz ultrapassado. Sou uma espécie de diplodoco pedagógico, atávico, conservador, martirizador de crianças e jovens com fichas, testes e exames, um formatador das mentes. Ainda me lembro daquele político-opinador-bloquista-que-já-não-é me considerar uma espécie de exemplo do que não deve ser um professor.
Já há outras pessoas que, mais de proximidade, me acham o contrário, criticando-me (não vale a pena fingir que não ouço, não sei ou que sou ainda mais parvo do que pareço) porque nas minhas aulas se brinca muito, há muita risota, jogos, alguma teatralidade e, em especial, que não se aprende nada assim. Esta é a crítica mais habitual quando se trata do meu grupo de alunos com necessidades educativas especiais a quem eu assumo que gosto, pelo meio de umas competências subrepticiamente desenvolvidas, de facultar umas ou duas horas semanais de descontracção e felicidade. Há mesmo quem use capuzes, o que é a demonstração de todo o meu relativismo moral progressista.
Mas a vida é assim… estar-se em terra de ninguém num conflito de fanáticos tem os seus riscos. Embora dê o seu gozo.
São tempos de incerteza e desorientação, as pessoas precisam de agarrar-se a fés e credos tidos por seguros e inabaláveis.
🙂 O António Paulo diz que eu também sou mestiço. Já fui branco de segunda :), mas esta ainda não tinha experimentado.
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Cada um tem o que merece.
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Eu, por acaso, procuro discutir as coisas no plano das ideias, tento não fulanizar as questões…
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Eu gosto das ideias e de identificar claramente os bois pelos nomes. Porque há coisas que só se entendem se as associarmos a quem as profere.
Por exemplo, há coisas que ditas por este ministro ou pelo Crato, mesmo com as mesmas palavras, têm sentidos bastante diferentes.
Mas, como já te disse, eu posso ler as coisas e não entender nada. O meu “basismo” é assim, com o meu peso não se consegue elevar ao plano etéreo da ideia plena em si :-).
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A diferença está, não na pessoa deste ou daquele ministro, mas nas ideias que veiculam e nas políticas que servem ou promovem.
Procuro discutir, na generalidade, mais as ideias por aquilo que elas valem ou representam e não tanto por quem as defende.
Por vezes, uma maneira de curtocicuitar uma discussão é dizer: “isso é eduquês!” ou “isso é cratês!, e não analisar a ideia em si, por ela mesma, se é mesmo boa ou não. No Face, há gente que usa e abusa deste expediente…
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Quer-me parecer que nesta longa troca de comentários, aqui e no facebook, só tu falaste em eduquês ou cratês.
O que eu digo é que a credibilidade de alguns conceitos ou ideias proferidas depende muito de quem as profere.
E cada vez isso é mais visível.
Mas grave mesmo é quando as ideias se defendem em abstracto tendo em conta o não explícito apoio a determinada solução política concreta. Desapoiando essas mesmas ideias em outras circunstâncias. Falo em abstracto, claro. Mas esforcei-me para o conseguir.
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Não estou a referir-me a um conceito de “ideia” próximo de Platão, para o qual elas existem, subsistem e valem por si mesmas, num mundo à parte (concepção substancialista).
E percebo perfeitamente o relevo que têm o contexto e o(s) “autor(es)” da ideia. O “quem” tem bastante importância, claro. Na linha nietzschiana, aliás, a pergunta chave é “quem?”. Quem é que se apodera de tal conceito? Que forças estão por detrás de tais ideais? Ou de outro modo, noutro “contexto” (e por ele mesmo), que classe(s) defende(m) essa ideia?
Aplicando isto à análise da situação do Brasil. podemos ter nuances diferentes. Podemos colocar-nos numa posição ética, em que a ideia reguladora de Justiça prevalece – e aí pede-se o julgamento de Lula da Silva sem mais. Ou, por outro ângulo, podemos também interrogar-nos quem, que forças, que classe, estão na rua a pedir a destituição de Dilma e a prisão de Lula. (Evidentemente, uma perspectiva não exclui necessariamente a outra).
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E essa grelha analítica é a mesma aplicada nos tempos de Collor de Melo?
Lá está…a Justiça conforme…
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A tua conversa é mais bandarilhas que farpas .Querem ver que no Brasil estamos a assistir a um golpe da justiça contra gente séria de uma rede política no poder .
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