Gestão de Conflitos

O Alexandre pediu-me um texto acerca da dupla sondagem desta semana do ComRegras que teve por tema a existência de formação inicial ou de frequência de acções de formação contínua na matéria em epígrafe. É um tema que me diverte porque, mais do que ter tido essa formação, interessa saber se essa formação teve alguma… terei de usar a palavra… qualidade. Isto ainda não é o texto que vou enviar amanhã, mas gostava desde já de, para poupar linhas, deixar aqui uma memória que me ocorre sempre que se fala neste tipo de formações e que é a de uma sessão, por ocasião da minha própria profissionalização (em eserviço, ali mesmo ao findar do milénio), em que uma especialista do ME veio à ESE de Setúbal apresentar as imensas vantagens do RAAG (quem não sabe o que é, é googlar) então em implementação. E exemplificava com o seu carácter democrático e participativo. Ao que eu coloquei o dedinho no ar – era suposto aquilo ser uma espécie de aula para as turmas de profes em profissionalização e não uma conferência e, quando autorizado, formulei uma questão que, pelo cenho do especialista, não era a mais agradável. A resposta que se seguiu foi a de que estava a fazer uma exposição (de powerpoint em riste) e que só responderia a questões no final e eu que esperasse. Esclarecido sobre o carácter participativo e democrático da coisa, esperei uma meia hora e, como a criatura não se calava, fui-me embora almoçar. Porque isto de uma pessoa ir aprender coisas com quem as não sabe praticar tem o seu quê de desnecessário.

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Novo Dicionário Educacional – Uma Introdução

Todo o pensamento educacional e a própria realidade educativa se explicam na base da dualidade Direita/Esquerda, algo que é conhecido desde tempos imemoriais (Sócrates era de Esquerda, por exemplo, enquanto Aristóteles era de Direita), com especial destaque para abundante produção teórica e exemplos práticos desde tempos imemoriais, leia-se, lá fora desde os anos 60 do distantes século XX e cá dentro desde os anos 70 da mesma centúria. O que escrevo é sobejamente reconhecido e é estruturante na forma como a Educação é encarada e como se organizam todas as teorias pedagógicas e didácticas, bem como o quotidiano de docentes, discentes e parentes. Qualquer cartografia ou mapeamento do campo teórico e científico na áreas das Ciências, Economias, Políticas e Sociologias da Educação se organiza desta forma, em torno de dois pólos antagónicos que, com a sua força repulsiva, eliminam qualquer outra forma de pensamento vivo ou prática possível no campo intermédio entre si. Resultantes desta dualidade maior, desta oposição primordial, temos todas as restantes dualidades que, a seu tempo, serão analisadas neste dicionário, mas das quais destaco duas pela sua relevância: a dualidade competências/conhecimentos (verbete na letra C) e a dualidade processo/produto (verbete comum na letra P) que desaguam, envolvem e se deixam envolver pela questão da avaliação que se divide em boa e ma, conforme o posicionamento de cada um em dado momento político. No tempo presente (Março de 2016). temos que a avaliação boa é a aferição (verbete já produzido) e a avaliação má são os exames (verbete a produzir, letra E). Mas entre 2011 e 2015 foi ao contrário. E antes de 2011 era mais ou menos. Há fenómenos que, por exemplo, só se entendem à luz da oposição Direita/Esquerda, como, só para dar um pequeno vislumbre da problemática, são os casos da autoridade (verbete na letra A) e da indisciplina (verbete na letra I); no caso da Direita a primeira deve existir em toda a organização do sistema educativo a menos que se queira cair num caos esquerdista relativista ou, pior, numa espécie de democracia (ver letra D) nas escolas e a segunda não deve ser tolerada de forma alguma; no caso da Esquerda a primeira é exemplo de fascismo pedagógico (uma variante extrema do conceito de Direita que logo se vê se terá verbete) e a segunda não existe ou é uma projecção irreal de professores com escassa formação ou sensibilidade. Por fim, convém destacar a excepção que confirma a regra, o conceito que consegue unificar Direita e Esquerda em termos educacionais e que é o fim supremo do Sucesso (e que constituirá pelo seu carácter de ómega quase hegeliano, a síntese possível das teses em confronto, a conclusão deste dicionário).

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