Reforma
(1) – Algo que todo o novo titular da pasta da Educação considera ser essencial fazer para corrigir os erros enormes (embora não avaliados) do seu antecessor, em especial se era de outra cor política, sendo que só têm existido duas, rosa e laranja, ao longo de bastas décadas. Há, contudo, algumas nuances, no conceito e na retórica reformista de cada ministro, conforme adopte um discurso assumidamente de ruptura com o passado recente ou prefira uma retórica mais baseada na promessa de estabilidade (muito importante ler este verbete na letra E), mesmo se na prática se notam poucas diferenças. No primeiro caso, opta-se por alguma fanfarra em torno de reformas que raramente tocam nos aspectos essenciais do sector mas que têm forte impacto mediático (é o caso da avaliação, seja de professores, seja dos alunos); no segundo, alteram-se aspectos importantes da vida do sector mas sempre com a garantia de que é tudo feito para tornar mais estável esse mesmo sector. Há ainda algumas subvariantes da pulsão reformista: os casos em que se misturam aquelas duas formas de discurso e de prática (ruptura para a estabilidade) e há ainda os que nada fazem, mas garantindo que o estão a fazer, desde que exista produção legislativa em abundância no diário da nossa república, com despachos explicativos, regulamentares ou outros, circulares em catadupa e portarias a condizer. Ou seja, uma enorme confusão. Quanto à preparação, há as reformas que se anunciam com um enorme trabalho prévio, mas que acabam em pouca coisa e os documentos preparatórios na gaveta e as que se legislam, encomendando-se os estudos para as justificarem a posteriori. Quanto à sua natureza, todas as reformas são muito boas, visando a melhoria do sistema educativo, o sucesso dos alunos e poupanças para os contribuintes, só falhando porque os professores não as compreenderam, não as souberam ou quiseram aplicar, por apatia ou má vontade.
(2) – Privilégio (verbete na letra P) que, tal como carreira (com verbete na letra correspondente) os professores já tiveram, ainda com algum tempo de vida útil, num passado mítico, pré-idade do gelo, sem sobretaxas e cortes por antecipação, sobreposição ou má disposição.