Por Aveiro

A caminho do Porto, passei pelo DIAP de Aveiro, onde prestei novamente declarações – desta vez em forma de acareação – na sequência de uma birrinha de duas criaturas que pairam por sobre uma escola daquela cidade e que, constará dos autos, não tenho a certeza, se terão queixado de mim por ter publicado um texto em que se divulgava uma decisão (mais do que confirmada e real) da direcção (então CAP) dessa escola. O autor do texto já se assumiu enquanto tal, assim como eu confirmei todo o meu envolvimento e procedimentos na coisa (não sou banqueiro, não perco a memória), tendo mesmo facultado (com autorização do interlocutor) a troca de mails que levou à publicação e depois restrição do acesso a esse velho post do Umbigo. Agradeço profundamente aos serviços do Ministério Público de Aveiro a possibilidade de resolver isto em trânsito para o lançamento do meu livro no Porto e a simpatia com que me trataram (tendo aproveitado para adiantar logo, ainda antes de chegar além-Douro uma francesinha logo ali perto no Majestik). O que realmente é fabuloso é que existam criaturas neste nosso país que, no seu esforço por intimidar terceiros e ocultar decisões que são legalmente do foro público, empatem a Justiça com questiúnculas que só podem nascer de uma mentalidade nos antípodas da minha, seja na forma como encaram a liberdade, seja no modo como promovem o desperdício de recursos humanos e materiais do nosso sistema judiciário. Tenho a enorme esperança que se vejam obrigados a pagar custas e que o façam com o que é seu.

Animal FArm

Programa Nacional de Reformas

O essencial do que acho sobre o pilar da qualificação da população disse-o hoje de forma bem nasalada à Antena 1 a abrir o programa Antena Aberta (dos 3’45 aos 9’55) e resumo-o em três pontos:

A expansão do pré-escolar é uma óptima ideia, desde que concretizada, pois se há coisa consensual é que os alunos que têm acesso a este tipo de oferta educativa têm melhores resultados desde o 1º ciclo. Para além de que é nas idades mais precoces que se começam a definir, com alguma clareza, os perfis de desempenho ou as dificuldades dos alunos, sendo gradualmente mais complicado combatê-las à medida que se avança no percurso escolar.

A qualificação dos adultos ao longo da vida é daquelas coisas que a mim já comovem muito pouco, pois os recursos investidos nessa matéria desde os fundos comunitários despejados em Portugal através do Fundo Social Europeu até a todo o aparato certificador das Novas Oportunidades acabaram por serem canalizados essencialmente de acordo com os interesses das entidades formadoras ou para uma estrutura que se preocupou mais em pseudo-certificações do que em assegurar uma real qualificação dos envolvidos. Por isso, se é para ser mais do mesmo, mais vale pouparem o dinheiro. Ou é para ser a sério – e então deve ter uma estrutura leve e virada para a qualificação de quem precisa e não de quem quer embolsar os dinheiros disponíveis -ou mais vale não termos outra vaga de certificação para as estatísticas.

Tudo o que fica no meio destes dois extremos (pré-escolar, qualificação de adultos) fica ao abrigo do conceito da “inovação”, algo que em si mesmo não traz um valor acrescido, apenas sendo um chavão que pouco ou nada quer dizer. Inovar é uma espécie de mantra dos políticos em matéria de Educação que, na maior parte dos casos, se traduz em muito pouco ou em truques administrativos inovadores para produzir sucesso estatístico ou subregistar indicadores incómodos (e olhem que as quebras do abandono escolar mais recente andam em parte por aqui, mas disso um dia logo falaremos…). Defender a inovação é o estribilho a que recorre quem não sabe exactamente o que dizer e chuta para os outros a responsabilidade por concretizar o objectivo.

Sendo assim, temos um bom princípio de que podemos com alguma facilidade avaliar a concretização, um bom princípio recorrente que nos últimos 30 anos raramente deu bons frutos e um “conceito” que tem tudo e nada lá dentro o que, em regra, é meio caminho para dar em pouco.

PG 4