Cheguei à conclusão – de novo – que não é possível estabelecer qualquer tipo de análise ou debate racional sobre Educação entre nós com base em indicadores estatísticos ou valores oficiais fornecidos pelas autoridades que deveriam ser competentes, porque tudo se perde num emaranhado de simulacros da realidade.
Não, não é uma teoria da conspiração.
Parece que em termos de contabilidade pública, consideram-se encargos para o Estado os salários pagos aos seus funcionários e mais uns adicionais que o Estado paga a si mesmo, mas não se descontando à “despesa” os impostos recolhidos a esses mesmos funcionários. Ou seja, no caso que me tem vindo a ocupar, um professor que recebe anualmente 21000 euros brutos, dos quais recebe efectivamente à volta de 15000 euros (dependendo do estado civil e número de filhos), significa para o Estado nas suas contas um “encargo” oficial de 27000 euros. O que, em meu escasso e sincero entendimento, é uma enorme ficção e deturpa qualquer análise do que custa efectivamente um professor com horário completo a leccionar numa escola.
Não é a primeira vez que acho que tudo isto é uma enorme mistificação estatística. Não faço processos de intenção a ninguém quando usa dados destes a partir de fontes “oficiais”. Só que, como em outras áreas em que seria fundamental sabermos ao que andamos, nada disto passa de uma imagem desfocada da realidade. Como aquelas cascatas de números no Matrix. Sempre li com estima o Philip K. Dick. Agora sinto-me no meio de uma das suas novelas mais asfixiantes.
Bem vindo ao clube (ou como se diz nesse filme, “ao deserto da realidade)…
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Estou nesse clube há demasiado tempo… só que tento acreditar (ler “A penúltima verdade”) que ainda existe alguma realidade à superfície.
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Tens resposta no fórum… 😛
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