Como é que Foi que Disse?

Alguém que se chega à frente para defender uma medida que, no escasso entendimento de alguém que está num agrupamento com uma unidade de ensino estruturado para alunos com perturbações do espectro do autismo, deveria pensar duas vezes antes de dizer o que disse.

Numa nota enviada à agência Lusa, a presidente da Federação Portuguesa de Autismo, Isabel Cottinelli Telmo congratulou-se com a publicação do despacho normativo na passada quinta-feira que determina que a redução de alunos por turma sempre que estas tenham alunos com NEE apenas acontece se estes tiverem pelo menos 60% das aulas em conjunto com os colegas.

“A possibilidade de todos os alunos com NEE permanecerem durante 60% do seu período letivo com a sua turma regular, representa um passo importante no caminho para a inclusão na escola pública. Devemos contudo alertar que a boa implementação desta importante medida, implicará a necessidade de reforço dos meios e recursos que permitam a sua operacionalização”, defendeu.

Agora de que reforço de meios se trata, não sei bem. Querem ter um segundo professor na sala de aula para acompanhar estes alunos, é disso que trata a “operacionalização”? É a isso que chamam “inclusão”? E se pensássemos nestas coisas mais na base do concreto e não na base deste tipo de demagogia? Querem definir o que é exactamente “dignidade”?

“Com esta alteração, pretende-se induzir que o desenho do Currículo Específico Individual (CEI) preveja e maximize práticas de permanência em sala de aula com os restantes colegas, que os alunos com NEE não sejam vistos como um incómodo ou o tempo com a turma como um desperdício. O requisito de permanência em 60% das atividades implica olhar para os alunos com NEE com a dignidade que merecem”, defende o ministério de Vieira da Silva.

A mesma nota refere que até agora, embora estes alunos estivessem integrados em turmas reduzidas “eram segregados para práticas isoladas numa escola que se diz inclusiva”, e que com a nova legislação vão poder continuar a “beneficiar de apoios e terapias especializadas nos restantes 40% do período letivo”.

Kramer2

7 opiniões sobre “Como é que Foi que Disse?

  1. Isto é que é grave: dá a impressão que ninguém os quer aturar: incluindo os professores da Educação Especial.
    Nem lhes passa pela cabeça que eles possam ficar numa turma de 30…. a acontecer a responsabilidade é do CT e da Direção.

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  2. A federação que representa as pessoas interessadas acha bem, mas o autor do blogue e o Nogueira do sindicato acha mal. Hilariante, se não fosse triste.
    Os alunos são quem não interessa para estes corporativistas. Se lhes pagassem mais, já era bom.

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    1. A federação acha bem SE houver reforço de meios.
      Como os professores no terreno, corporativistas ou não, sabem que não vai haver, acham mal, porque sabem que os alunos, em muitos casos, vão ficar pior.
      E por isso lamentam que a representante dos alunos autistas esteja a fazer este frete a uma medida economicista do governo.

      Concordo inteiramente com o Paulo, e exponho o meu ponto de vista aqui: https://escolapt.wordpress.com/2016/04/18/demagogia-do-me-comeca-a-colher-frutos/

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    2. Lírico.
      Sabes lá o que é uma Escola, quanto mais o que é a inclusão e a Educação Especial..

      A federação representa quem?
      Quem?

      Queres obrigar um aluno com este perfil de funcionalidade a estar a 100% com 30 alunos?
      Não é caso único, acredita.

      Isso é que é inclusão?

      Sabes o que é um CEI?
      Cada caso é um caso!

      Não te preocupes que os líricos existem em todo o lado: no regular, na Educação Especial, na Psicologia…

      É só ignorância e lirismo!

      Comportamento violento de aluno autista assusta escola secundária em Faro
      29/10/2015 13:37

      Alunos, professores e funcionários da Escola Pinheiro e Rosa, em Faro, estão assustados com o comportamento de um aluno autista, de 17 anos, que hoje protagonizou no estabelecimento o terceiro episódio de violência no espaço de um mês.

      O aluno, com um transtorno do espetro autista e um défice cognitivo grave, é frequentemente violento e já agrediu uma professora e duas funcionárias da escola, contou à Lusa o diretor do agrupamento de escolas Pinheiro e Rosa, sublinhando que o jovem “insulta, bate, pontapeia, morde, arranca cabelos e barrica-se nas salas, trancando as portas por dentro”.

      De acordo com Francisco Soares, a escola, com um total de 400 alunos, não possui “recursos capazes de dar valor acrescentado ao desenvolvimento do aluno”, nem consegue garantir “a segurança e a integridade dele próprio e dos outros elementos da comunidade escolar”, pelo que apela à tutela para que encontre “uma resposta adequada”.

      A Lusa contactou a Direção de Serviços de Educação da região do Algarve, mas, em resposta escrita enviada pelo Ministério da Educação e da Ciência, foi transmitido que aquele organismo desconhece o caso, posição refutada por Francisco Soares, que afirma que a escola enviou vários ofícios e relatórios da situação clínica do aluno.

      “Existem comunicações escritas, ninguém pode dizer que não conhece a situação”, frisou o diretor do agrupamento, acrescentando que foram enviados para aquela direção de serviços “pedidos de encaminhamento do aluno e relatórios suportados por pareceres de um pedopsiquiatra”.

      Segundo aquele responsável, a resposta que lhe tem sido dada pelos serviços é que, enquanto o aluno não atingir a maioridade, o que acontecerá em agosto, “o contexto de resposta é o educativo”, embora as indicações clínicas vão no sentido de o aluno dever frequentar um Centro de Atividades Ocupacionais a tempo inteiro.

      Este é o segundo ano que o jovem frequenta aquela escola, com registo de “episódios repetidos de violência”, que já obrigaram a que as funcionárias agredidas tivessem que receber assistência médica, estando uma delas, neste momento, de baixa, o que causa constrangimentos “numa escola que, já por si, tem falta de pessoal”, sublinhou.

      “Os funcionários pedem para não interagir com este aluno, que assusta também os professores e outros alunos”, referiu Francisco Soares, explicando que a violência com que age, associada à sua capacidade física, fazem deste “um aluno perigoso, para ele próprio e para toda a comunidade escolar”.

      Na semana passada, o jovem teve um surto de violência e agrediu uma funcionária a uma professora, situação que obrigou à intervenção de técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que o encaminharam para o Hospital de Faro, e da brigada Escola Segura, da PSP.

      O aluno esteve cerca de uma semana sem ir à escola e hoje de manhã, no seu primeiro dia de aulas após esse interregno, teve um novo surto e foi novamente transportado para o hospital pelo INEM, presenciou a Lusa no local.

      O aluno, que atingiu a idade correspondente ao ensino secundário, embora a sua idade mental se situe nos quatro a cinco anos, está, a par de outros cinco alunos, integrado na Unidade de Ensino Estruturado existente naquela escola, embora não tenha capacidade para a maioria das tarefas que lhe são propostas.

      De acordo com Francisco Soares, a legislação prevê que este tipo de alunos frequente a escola “numa lógica de escola inclusiva”, o que, segundo o professor, “só faz sentido se a escola tiver capacidade de fazer a inclusão e o aluno estiver capacitado” para tal.

      O agrupamento de escolas Pinheiro e Rosa é o maior do concelho de Faro, com nove escolas e 105 alunos com necessidades educativas especiais, ou seja, com deficiência comprovada.

      O aluno em causa está medicado e é acompanhado por uma psicóloga do Centro de Recursos para a Inclusão (CRI), mas apenas uma vez por semana, já que a escola, este ano, não dispõe de mais psicólogos.

      Lusa/SOL
      Ler mais:http://www.sol.pt/noticia/419502/comportamento-violento-de-aluno-autista-assusta-escola-secund%C3%A1ria-em-faro

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    3. Meu caro… comete dois erros, provavelmente na sua ânsia de desancar a malta:

      1) a associação em causa não representa “as pessoas interessadas”, mas apenas uma parcela delas.
      2) os alunos são quem me interessa e o melhor serviço que lhes pode ser prestado. Para si, um aluno com problemas de aprendizagem deve permanecer numa aula que dificilmente pode compreender, porque assim estará “Incluído”. Ou então porque está mais “incluído” com 30 do que com 20.

      Hilariante, se vocelência não fosse ignorante e não devemos gozar com os pobres de espírito.

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  3. Já agora, iluminado JC, sabe o que é lidar com alunos com uma série de problemas cognitivos num grupo de alunos grande? Acha que considerar isso errado é ser “corporativista”.

    Espero que a sua intervenção seja motivada por militância partidária ou ignorância. Em outro caso, só se for uma grande besta insensível.

    Quanto ao Nogueira do sindicato, está domesticado. Vai fazer alarido, mas só qb para dar prova de vida. A trela ainda está folgada.

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