Quando o Telefone não Toca

Quantos casos conhecemos todos, ano após ano, de alunos que desaparecem do mapa, em especial no 3º período após umas notas razoáveis no 2º porque já acham que estão passados, sem que existam contactos feitos pelo dt ou por quem bem entender que consigam encontrar alguém, porque a morada que deram já não e a mesma, o telemóvel foi trocado, nem tia, nem, avó, nem pais ou vizinhos sabem de nada e o processo vai para a comissão de protecção de crianças mas fica ali à espera, atrás da longa fila até que o ano lectivo termina e ficamos com a criança (literalmente e não só) nos braços, quase obrigados a passá-la na lógica do “a retenção não serve de nada, mais vale ele passar de ano” ou de enigmáticos “ele tem imensos problemas, nem queiram saber, mais vale ele passar para não ser pior” ou – a minha preferida que me foi dirigida como dt por uma colega há muitos anos – “assim vai acabar na prostituição” [também há o “vai acabar na droga ou a roubar“]. Isto para não falar na “lógica de ciclo” ou no pragmatismo do “assim fica com o 1º/2º/3º ciclo feito”. Com variantes adequadas a cada situação. Porque há pessoas bem intencionadas e há aquelas que acham tudo isto uma enorme palhaçada como aquela coisa de não registarmos o abandono antes do final do ano, porque existem alíneas para estas situações, a a ou b ou c e há metas a alcançar no combate ao dito cujo e há que alimentar o ego dos políticos que aparecem na televisão a reclamar vitórias que são deles e só deles e não dizem que há descidas que não passam de cosmética burocrática e estatística, mas isto é mesmo assim, já vale tudo e desde que apareçam uns quadros e uns números com o carimbo de um departamento qualquer, direcção geral ou específica é porque é verdade, ainda mais se tiver um quadro na pordata porque o que está na pordata é toda a verdade ou mesmo a Verdade, mesmo que os números são recolhidos algures e é algures que a maquilhagem é feita e só quem anda por lá e por aqui é que sabe que a beleza das políticas de sucesso é uma grande borrada. Ou burrada. Porque burros somos nós já dizia o outro que era brasileiro mas gostava do peixe de cascais e de fugir ao fisco e até nos fez andar de bandeirinha no alpendre. Nessa altura pelo menos dava para saber que havia gente em casa e sempre se poderia mandar lá ir a gnr se eles tivessem tempo, agora só dá para mandar tirar o subsídio a menos que não se mande porque é muita papelada e ainda acabamos a ter de ir nas horas livres ao tribunal e a família pode aparece no portão da escola e dar-nos com um barrote entre os olhos o que é chato porque dói e a espera nas urgências ainda nos faz apanhar uma bactéria em trânsito e isso é chato e então é melhor fingirmos que o aluno até está mas não está e todos ganhamos porque atingimos as metas e o abandono nunca existiu. E a pordata confirma e há foguetes na confraria.

Clown

Tem a sua Graça…

… vê-los aflitos com a redução das mais-valias. Quase me sinto solidário. Quase. Mas depois lembro-me de tudo o que fizeram à rede pública e passa-me logo a solidariedade. Até porque adoro liberais, daqueles muito amantes do poder dos mercados, que perdem a cabeça mal se lhes anuncia a redução dos subsídios públicos. E também me comove que a Igreja esteja preocupada. Exactamente com o quê? Não deveria ser uma espécie de ONG a sério? Daquelas sem fins lucrativos mesmo? Já não chegam os privilégios fiscais?

Tomara eu que houvesse coragem para levar isto até ao fim.

Money

 

Será Verdade? – 3

Não me incomoda absolutamente nada que se venha a descobrir que, afinal, o meu alarmismo era “injustificado” e que, afinal, o ME vai aceitar os pedidos de não realização das provas de aferição porque, afinal, perceberam que a sua credibilidade viria por aí abaixo ou as escolas apresentaram argumentações sólidas e ponderosas. O problema mesmo é se, afinal, eu até tiver razão. Até porque, afinal, eu serei quase certamente classificador, existam provas ou não pelas minhas bandas. O que eu, afinal, acho muito mal é que cert@s director@s tomem decisões ao arrepio da maioria (ou totalidade) dos restantes membros do seu Conselho Pedagógico.

bonanzamap

Ordem de Trabalhos

Eu acho que uma tarde de reuniões não deve começar sem um encontro preparatório (hoje assente na análise de canónicas alheiras com todos, mais umas lasanhas de salmão para quem já não apanhou a 1ª escolha) para o qual nos foi apresentada uma sobremesa que soube melhor do que o aspecto esparramado que a minha nevoenta câmara de telefone pouco esperto conseguiu captar.

Foto2975Depois de tratados os assuntos chatos, passou-se para a abordagem dos contributos (bolo húmido de ananás e duas variantes de tarte de amêndoa, uma com caramelo, a outra com recheio de doce de ovos) trazidos pel@s colegas que aniversariam em Abril e que, por isso, só tiveram de cumprir a regra (facultativa desde que a cumpram) de alimentar os que aniversariam e contribuem nos restantes meses. Excluem-se os materiais líquidos, para não chocar mirones e outras sensibilidades de passagem.

Foto2978Assim, há toda uma nova dinâmica e penso mesmo que este é que é mesmo um novo paradigma a avaliar – modo de aferição – e generalizar para que o pessoal, mesmo congelado e com recibos bem abaixo dos de há quase duas mãos de anos, sinta algum aconchego no estômago e na alma.

 

Aguardemos Conquistas e Vitórias sem Parar!

A FNEprof vai-se reunir com o ME a 26, antes do fim de semana do seu Congresso e do 1º de Maio. Só podemos esperar a concretização do início do anúncio do projecto de um novo paradigma de Escola Pública que contemplará todos os nossos anseios, desejos e ambições mais secretas. O professor Mário Nogueira não dá nota positiva ao jovem ME  sem ter direito a qualquer compensação, certo? Os borregos estão fora de moda e as maçãs gastaram-se há uns anos, cortesia de Maria de Lurdes.

Pizza

(estou cansado deste tipo de cenografia para iludir o mexilhão… a sério que estou)