Ando pela net e pelas redes sociais (quase no singular) em nome próprio, escusando-me a heterónimos para efeitos nefastos. Mas ainda há quem ache que não é assim e que eu sou outros para poder exorcizar demónios que me envergonhariam em nome próprio. Nada isso, estimo muito as minhas embirrações, comportamentais ou pessoais, para as não assinar. Até porque acho que o Fernando Pessoa vale pelo conteúdo da obra e não necessariamente pelas suas identidades inventadas num tempo em que não existia ainda a net para ocupar o tempo e o feicebuque para criar heterónimos em multiplicidade estonteante. Nos tempos de hoje, o Fernando seria apenas mais um poeta perturbado, com demasiado tempo para preencher e carências por resolver que, acaso a preguiça batesse, acabaria a usar citações do chagas para se sentir aprofundado em natureza humana, no geral, e em afectos amorosos, no particular.