Ciclos

Este será o último comentário a uma sondagem do ComRegras porque pedi ao Alexandre para me “libertar” desta colaboração. Desde o fim do Umbigo que deixei de escrever por dever, obrigação ou qualquer outra motivação que não puramente pessoal. E, confesso, nem sempre os temas me motivam o suficiente porque sinto que apenas me estou a repetir. Amigos como dantes. Visitem-no porque ele anda com a pica para estas coisas que eu já só tenho para coisas mais fracturantes.

SondaCiclos

Ciclos Viciosos ou Virtuosos?

Já escrevi sobre este assunto dos ciclos de escolaridade do Ensino Básico por diversas vezes, pelo que me vou permitir ser breve no meu comentário a esta sondagem.

Se a expansão do pré-escolar é para levar a sério, penso que a minha ideia ainda se justifica mais agora e que é a da divisão do Ensino Básico em dois ciclos: o primeiro como está (do 1º ao 4º ano), mas beneficiando da pré-escolarização dos alunos para consolidar melhor as aprendizagens específicas deste ciclo e um segundo (do 5º ao 9º ano) que seja pensado em termos curriculares e programáticos de uma forma mais contínua, permitindo a evolução e desdobramento de alguns programas por 5 anos e não uma sobreposição atabalhoada entre dois ciclos diferentes que, em alguns pontos, parecem estar a recomeçar as mesmas matérias, por vezes com perspectivas pouco harmoniosas.

No caso da História, que me diz mais respeito, defendo, por exemplo, que os 5º e 6º anos deveriam ser dedicados ao ensino da Pré-História e Antiguidade, até à queda do Império Romano, que são contemplam conteúdos que são mais atractivos e fáceis de compreender pelos alunos dessa faixa etária. O 7º e 8º ano deveriam ser para a História da Idade Média ao fim do século XIX e o 9º ano deveria ser – a sério – sobre o século XX (tenho reservas por entar pelo século XXI como agora se pretende) dado de uma forma minimamente aprofundada para que a miudagem chegue aos 15 anos a perceber o presente e não fique, com esta ou aquela artimanha, apenas na Guerra Fria ou chegando à pressa ao 25 de Abril.

Quanto a outras disciplinas, prefiro não me estender, por não as conhecer de forma mais aprofundada, mas pelo que conheço, não será apenas a História a poder beneficiar desta forma de encarar os ciclos de escolaridade. De qualquer modo, isto não impede que neste 2º ciclo do Básico se verificassem ramificações curriculares a partir do 7º ou 8º ano, como no caso das Ciências ou no das Expressões, em que eu defendo a existência de uma oferta forte de áreas, nem que seja sob a forma de disciplinas opcionais, não dependentes de um número mínimo de alunos tão elevado que as torne quase impossíveis de existir.

Esperança

Após ler e ouvir as declarações de amor do novo ME pelas Artes, fico na expectativa da reestruturação do ensino das Expressões no Ensino Básico, nomeadamente na reconfiguração da Educação Visual e Tecnológica e na recuperação de espaço curricular por parte da Educação Musical, nem que seja no 3º ciclo na modalidade de disciplinas opcionais com um número razoável de alunos (acima de 12?) e não apenas conforme os cálculos de horários de docentes disponíveis na escola para o efeito. Como não pode ser tudo de uma vez e como a política também vive de anúncios, poderíamos marcar isso, pelo menos, para 2017?

batmannthink

Feedback

Às vezes perguntam-me – mesmo em casa, mesmo a minha filha, enquanto aluna – porque me esforço por entregar os testes quase sempre no prazo máximo de uma semana e, se é possível fazê-los antes do fim de semana, entregá-los aos alunos na primeira aula após a sua realização. A razão é simples e penso que óbvia; apesar de conservador e antiquado nas minhas opiniões e pedagogias pelos padrões da nova equipa do ME, acho que para existir algum trabalho útil sobre as dificuldades existentes o mesmo deve ser feito em cima do acontecimento e não quase um mês depois. Caso contrário, estou a adiantar outros conteúdos para quê? Mas, claro, cada um@ faz o que bem entende, conforme as suas circunstâncias. Eu auto-capacitei-me assim, pois não foi certamente na Faculdade ou na profissionalização que o aprendi e muito menos pela maioria dos exemplos vividos enquanto aluno. Digamos que como corto no tempo para lamentos, fico com algum disponível acima da média.

KeepCalm

 

Só?

Pela contabilidade do final da semana as provas de aferição facultativas do Ensino Básico serão feitas em 57% das escolas. Julgo que este será o valor de acordo com o que já foi comunicado à tutela, restando saber se sempre existirão indeferimentos a fazer subir este número. De qualquer modo, esperava que fossem mais a fazer porque sei até que ponto o ME procurou desincentivar quem não queria fazer, assim como houve director@s que se atemorizaram demais com as (pseudo?) dificuldades e o exemplo dos dirigentes das duas organizações de directores foi num só sentido,l o de fazerem. A tudo isto se somam – por via do poder unipessoal dado ao ME aos directores para decidirem apesar do que fosse a opinião do C. Pedagógico, professores ou mesmo encarregados de educação – aquelas personagens com tiques ditatoriais e as que se preocupam imenso em preservar a sua imagem de liderança. Confesso que me deixaram boquiaberto algumas declarações do presidente da ANDE, Manuel Pereira, que eu não esperava ver defender a realização das provas este ano por ser “uma forma de defender a escola pública”. Esperaria algumas justificações dele, mas não esta. Claro que eu não tenho responsabilidades de gestão nem de dependência hierárquica com o ME (mesmo como presidente de um CG a minha posição tem a comodidade da eleição pelos pares e posso participar em decisões que sejam mais fracturantes com menos medos e truques de linguagem), mas acho que a defesa da escola pública se faz por outras vias. E olhem que eu sou daqueles que defende a existência de provas de avaliação (as más) externa, só discordando do calendário em que eram feitas. Muito me admira que quem dizia há pouco mais de um mês que “não se pode começar a trabalhar com um determinado tipo de metas e depois alterar a meio e esperar que as coisas corram muito bem” ache agora que este processo defende a Escola Pública. Mas é a vida e as pessoas responsáveis adaptam-se com flexibilidade às circunstâncias.

Dito tudo isto, a minha homenagem a quem não se vergou às conveniências externas e preferiu manter alguma coesão interna nas suas escolas.

sinal

Genuflexão

Quando os autarcas – que precisam de dinheirinho para as suas campanhas como quaisquer outros – mandarem em toda a escolaridade obrigatória é que se vai perceber como as coisas doem a sério em muitas zonas do país, porque há favores a retribuir e pressões a que é difícil resistir quando se compraram cristais mais caros do que o orçamentado.

Money

 

1º de Maio

Dia do Trabalhador. Dia para não trabalhar. Mas ainda ali estão 22 dos 27 testes por ver e classificar. A vontade é escassa, mas a petizada estranhou eu não ter entregue logo na aula a seguir e amanhã lá estamos outra vez. Só que com a parte da gramática e a composição é difícil fazer com rapidez e bem. Desrespeito o dia do descanso (por via do Senhor por ser domingo e por via dos Homens por ser 1 de Maio) ou deixo tudo para amanhã e levanto-me pelas 6 para estar tudo pronto às 10? Sei que há uma terceira alternativa – que se lixe, logo os entrego quando calhar, até porque eu pratico uma avaliação conservadora – mas não sou praticante.

Papel