Sobre a situação financeira real de muitos colégios privados e a forma como gerem os lucros que conseguem com os subsídios públicos e as alcavalas que pedem aos encarregados de educação é que eu gostaria de ler ou ouvir o Rodrigo Queiroz e Melo. Mas o empreendedorismo é assim, não presta contas como em outros países, como a Holanda em que escola com dinheiro público não pode distribuir dividendos. Ou sobre o modo como há quem abuse dos horários de trabalho dos professores contratados em quase regime de servidão (porque há quem ache melhor a má sorte do que o desemprego nascido do despedimento de professores do ensino público) ou gerem as próprias matrículas e a admissão dos alunos. Porque, na enunciação, é tudo “liberdade” e “equidade” e “serviço público”; o problema são as práticas que, quando dão escândalo, se foram sempre resolvendo graças a uma teia de influências que foi sendo estabelecida no interior do ME – ou em trânsito entre o ME e os cargos de consultor disto ou daquilo ou mesmo de director executivo – e que sempre funcionou menos mal em tempos de aparente aperto, bastando ver como as verbas para o ensino privado sempre tiveram cortes muito menos do que no ensino público, com ou sem “argumento demográfico”. Quanto às pretensões de prestação de “melhor serviço” eu teria sempre a apontar o facto de certos nichos do “mercado da Educação” raramente se encontrarem nas zonas mais problemáticas. E muita outra coisa que há quem saiba que eu sei que eles sabem que eu sei. Visitei colégios privados suficientes e falei com as respectivas direcções de forma suficientemente aberta para ter uma noção do que os privados mesmo privados pensam de certas subsidiodependências.
A encenação do coitadinho fica-lhe mal, muito mal. Assim como é curioso como pede solidariedade com a quebra de alegados direitos adquiridos quem nunca a teve para outros.
Empreendedores da subsidio-dependência… Entreguem-nos ao mercado, à simples lei da oferta/procura, que eles mostram o que (não) valem.
GostarGostar