Michael Seufert escreve um longo artigo de opinião no Expresso, tão longo e fundamentado que, atendendo ao seu habitual perfil de competências nesta matéria, parece ter recebido bastante inspiração cristã. Ou humana…
Mas não percamos tempo com a mão que abanou o berço.
Concentremo-nos no facto de o signatário da prosa afirmar que os contratos são por lei trienais mas que uma resolução do Conselho de Ministros determinou uma dotação financeira para cinco anos, o que provaria que o objectivo seria pagar contratos de cinco anos ou, como se escreve na prosa, em momento menos inspirado, “um aluno que por isso hoje tivesse perspetiva de entrando no quinto ano sair no 9, vê essa expectativa legítima frustrada”.
Porque é que isto não é propriamente verdade? Porque, mesmo que o executivo tivesse inserido este enxerto na lei para alargar de forma disfarçada a vigência dos contratos, se atendermos às verbas inscritas para os dois últimos anos, facilmente se verifica que são muito mais baixas e que resultarão de eventuais encargos com a possibilidade de renovação por uma vez do contrato (artigo 15º da portaria 172-A/2015). Bem como nada é referido quanto à obrigatoriedade de todos os contratos terem início em 2015-16, até porque a legislação saiu já no Verão, em fim de festa do Governo. O que parece natural é que se contemplasse a possibilidade de se iniciarem contratos em 2016-17, a terminar em 2018-19, com eventual renovação de um ano para menos turmas (de repetentes em ano final do 3º ciclo, por exemplo) em 2019-20.
Assim como os valores inscritos são os máximos e que de acordo com a minuta dos contratos de associação “O apoio a conceder durante a execução do contrato é atribuído ao número de turmas que efetivamente venham a ser constituídas e validadas, em cada ano letivo.” O que significa que não existe no contrato qualquer garantia de pagamento sempre da mesma verba máxima.
Se MS tivesse querido destapar os olhos para esta parte da legislação – ou se a inspiração cristã tivesse sido dirigida nesse sentido – talvez pudesse ter desenvolvido uma argumentação mais completa e menos enviesada.

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