Ou porque perco eu muitos amigos que poderiam ser úteis para ter almofadas. O excerto de uma troca de mails que se segue (de 17 de Janeiro de 2013) é entre mim e alguém que, pelos vistos, me conhecia muito mal. A disputa era, na altura, em torno do tipo de cortes a fazer na Educação e o que se dizia em público e privado. Como sou casmurro, mantenho o que na altura escrevi no primeiro mail transcrito abaixo e que se resultava da minha oposição a uma espécie de declaração conjunta dos elementos de um debate realizado em ambiente restrito. Como se poderá constatar, as minhas críticas à lógica de uma Educação Low Cost têm as suas raízes no tempo e sempre foram comunicadas com clareza em todos os ambientes, em especial os hostis. Destaques meus.
Vou ser franco e fazer dois reparos prévios:
1) A minha posição é pessoal, não é representativa de qualquer grupo de pressão ou de interesses na área da Educação, embora seja normalmente considerado um defensor “corporativo” dos professores da rede de escolas públicas.
2) Por muita estima que me mereçam os dois colegas de painel, no actual contexto, considero complicado aderir a uma declaração comum de tipo asséptico, mas no fundo de adesão aos princípios de um lobby específico na área da Educação, por forma a ver o meu nome associado a uma solução consensual de medidas baseadas na lógica dos cortes e do “mais barato” é o melhor, sejam quais forem os custos.
Dito isto, em forma resumida apontaria cinco pontos fundamentais da minha participação no encontro:
1) Qualquer decisão sobre a gestão dos dinheiros públicos deve ser tomada com base em informação o mais completa, clara e actualizada possível.
2) A eventual opção por cortes na área da Educação deve ser assumida como uma escolha política e não como uma inevitabilidade orçamental e técnica.
3) Antes de uma decisão sobre cortes cegos devem ser exploradas vias de aumento das receitas passíveis de ser geradas no âmbito do sector.
4) O alargamento de medidas relacionadas com a concorrência e a liberdade de escolha deve ser feito com base numa fundamentação empírica das suas vantagens, acima de tudo, pedagógicas para os alunos.
5) Qualquer reforma na área da Educação só é passível de ter sucesso se conseguir mobilizar os seus agentes no terreno, o que não se consegue desvalorizando sistematicamente parte deles perante a opinião pública.
Resposta que recebi de um dos participantes na conversa:
Paulo, se por lobby entendes um grupo organizado para defender aquilo em que acredita, então eu pertenço a um e tu também (ainda que outro)! Escusas de te por de fora.
Se por lobby entendes alguma coisa diferente peço que expliques o sentido ou deixa lá essa conversa. Para fora percebo que faz parte de um discurso e de uma imagem. Em privado confesso que não percebo onde queres chegar.
A minha resposta que acabou por colocar um ponto final no coloquialismo da relação:
O meu registo ou discurso em privado é igual ao registo em público.
Não tenho uma “imagem” a defender. Sou o que sou, não projecto o que não sou. Isso fica para políticos.
A única diferença é que em público nunca te diria o que te disse no corredor quanto ao que acho do trânsito entre lugares públicos e privados.
Sim, por lobby entendo aquilo que entendes, pelo que eu não posso pertencer a nenhum pois, que me lembre, não sou associado, director ou militante seja do que for, respondendo apenas a nível individual pelas minhas opiniões.
Mas eu acharia mais útil discutires o que escrevi quanto ao que penso do que o resto.
(…)

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