(que me desculpem os promotores, mas não comparecerei porque sempre tiver aversão a essas coisas popularuchas…)
Vai um funaná?
(que me desculpem os promotores, mas não comparecerei porque sempre tiver aversão a essas coisas popularuchas…)
Vai um funaná?
O clarinho e mais nenhum. O Livresco tem razão. Nas manifestações das escolas com contratos de associação a indignação nunca se tinge de amarelo torrado, amarelo pardo ou qualquer tom de amarelo menos caucasiano. Liberdade, sim? Diversidade? Nem por isso. Porque a escolha não tem matizes, nem tonalidades.
Aqueles que são o hard core do sistema. Parece que são menos de 8%. Decidiram massacrar os alunos do Ensino Básico com seis provas, desde o 2º ao 9º ano. Será deles o reino dos Céus bíblicos, o reservado aos pobres de espírito, com especial destaque para os que foram contra a decisão dos Conselhos Pedagógicos. São esses que merecem levar com vereadores e presidentes de câmara em cima.
E olhem que eu até sou dos arcaicos que gostam de provas de final de ciclo.
A matéria de História do 7º ano está dada – não apenas sumariada, foi mesmo leccionada, bastando consultar o caderno dos alunos – e esta semana é a avaliação final, ficando duas semanas para quem achar que vale a pena tentar recuperar de eventuais insucessos (não vale a pena, setôr, dizia-me hoje um aluno) ou mesmo aparecer pelas aulas para fazer prova de vida (há uns com que me cruzo sempre que chego à escola, mas que desaparecem como que por magia quando chega à hora da aula).
Se é possível, com metas e programas extensos e tal? Desculpem-me, mas sim, dá, mesmo com actividades de consolidação pelo meio, desde que não achemos que estamos a leccionar uma cadeira das velhas licenciaturas pré-bolonhesas.. A minha condição é que não seja com aulas de 90 minutos, a maior das asneiras para o 2º e 3º ciclo em algumas disciplinas. As aulas de 45-50 minutos estão muito mais adequadas ao atention span dos alunos e não se tornam um martírio para todos, excepto para professores mais criativos do que eu, sempre cheios de multiplicidades transversais e o camandro, ensinos experimentais e o escafandro. Estou a chegar às 90 aulas e acabámos de dar uma tareia aos castelhanos em Aljubarrota (da qual se vingaram 200 anos depois e mais recentemente com a vitória do Santander sobre toda a concorrência).
Amanhã terminam as 60 árduas aulas do vocacional com a avaliação do último módulo sobre as guerras do Iraque, da Jugoslávia e o 11 de Setembro, Só falta mesmo o 6º de Português, a caminho de mais de 190 aulas.
Está quase, quase… só falta o longo calvário burrocrático.
Não me vou alongar em comentários. Ainda acabava mal. Porque, sob o pretexto de defender os empregos no privado, a FNE é uma parceira objectiva em muitas situações de abuso das regras desse mesmo emprego. Com o manto de defender 1000 ou 2000, a FNE (e outros sindicatos, alguns daqueles que só existem porque dão jeito a quem lhes destaca dirigentes que nada fazem) parece esquecer que se calhar esses 1000 ou 2000 foram mantidos à custa da perda de 5000, eventualmente melhor posicionados na carreira, nas escolas públicas. Mas enfim, a FNE é a FNE e não se pode esperar que lagartixa seja jacaré.
Segunda-feira, entusiasmo quase nulo por voltar ao ruído dos corredores, quase metade das faltas do ano por dar, um cansaço acumulado, partilhado com os alunos, um caminho em que se pode virar para outro lado e fruir tempo livre sem que exista uma razão profunda, apenas o de respirar. Mas lá vamos, porque há uma ficha na próxima aula para preparar, alunos que não foram avisados, os últimos conteúdos por leccionar, mesmo que sejam para cair no olvido ali a meio de Junho. Move-nos – pelo menos a uma boa parte, porque os há de outras formas e modelos – o que não vem em decretos, um sentido de dever que mistura a consciência individual, a ética, o profissionalismo e o respeito pelos alunos. Não é uma apologia de todos, porque nem todos assim pensam e fazem. É a constatação do que ainda é uma maioria. Que vai estreitando, como a minha própria vontade.
(e não me venham com conversas de que é assim com toda a gente ou que me devia dar por satisfeito por ter emprego, pois a mim nunca seduziu o nivelamento pela mediocridade e pelo mal menor)