Mês: Junho 2016
Muito Chato, Chato, Chato…
O jogo foi muito chato. Ainda pior do que com a Croácia. Um tédio absoluto com duas jogadas de jeito que deram os dois golos e depois um quase completo deserto. Não vi os jogos todos (não assino a SporTV), mas aposto que, para um argentino ou chileno, ver este jogo seria uma tortura. O Ronaldo parecia o Éder, o Quaresma não fez praticamente nada e o treinador meteu o Danilo a 25 minutos do fim para defender o resultado. Ouvir o comentador da RTP dizer 10 vezes por jogo que o Pepe tem sido “imperial” não ajuda nada. Se a estratégia é matar os adversários de tédio (incluindo os das equipas que estão apenas a observar) é uma estratégia ganhadora.
Faltam os penaltys. A lotaria. Tanto faz.
Municipalização e Privatização
Achei “numa rede social”, com a situação descrita a ser acompanhada pela carta de demissão de um dos elementos da Associação de Pais da escola em causa. Retiro identificações específicas, apenas referindo que se trata de uma autarquia que muito tem lamentado os cortes nos apoios às escolas com contratos de associação. A razão aprece-me óbvia… não conheço de perto toda a situação e não me apetece andar outra vez a fazer centenas de km para prestar declarações ao Ministério Público :-).
A autarquia de […] no seu melhor
É um fartar vilanagem!!!
A escola de […], do Agrupamento […] vai sofrer obras de beneficiação. A autarquia resolve então transferir os seus alunos para um colégio particular, […], em vez de o fazer para outra escola do mesmo agrupamento, a escola do ]…}, que comporta uma solução sem custos e com boas condições.
Percebe-se agora, à descarada, a ânsia do presidente da autarquia pela “municipalização” da educação. Um processo que mais não é que o desejo de esvaziar de alunos as escolas da rede pública, transferindo-os para os colégios privado, à custa dos impostos de todos nós.
É um fartar vilanagem, compadrios e corrupção, sem a preocupação sequer de disfarçar a falta de escrúpulos e o atropelo da lei.
(texto cuja autoria não é revelada, por receio de represálias)
Nulidade
Abusos
Continuam. Sobre os professores classificadores, apesar das indicações claras acerca da dispensa do serviço não lectivo, com excepção de reuniões de avaliação. Para contrariar isso, há direcções que decidiram redefinir o que é serviço “lectivo”, incluindo-lhe as tretas do costume. Sobre os professores contratados em substituições, dispensando-os mesmo sem terem voltado ao serviço os professores que foram substituir e, ao que parece, fazendo por esquecer o pagamento por caducidade do contrato. São os pequenos schaüble nacionais.
Schäuble
As Tutorias Como ACND?
Percebe-se que os materiais já têm alguns anos (parecem de 2011 e 2012), mas a verdade é que ainda estão online no site da DGE, naquela parte dos recursos para as boas práticas. Há alguma ideias interessantes, mas o enquadramento legal era na altura outro, mesmo se já se contemplavam tutorias em grupo. Só que eram em par pedagógico. O que permitia que um professor ficasse com o pequeno grupo e outro acompanhasse situações mais particulares. O que não é o caso agora. Mas ficam aqui as ligações, de qualquer modo.
ACND, instrumento de autonomia das escolas
- Metodologia Tutal – página e links
- Perguntas e Respostas – Francisco Simões
- Tutorias Tutal – manual 1
- Tutorias Tutal – manual 2
- Tutorias Tutal – manual 3
- Tutorias Tutal – Brochura
Coerência
Portefólio
A Direcção-Geral da Educação tem online um portefólio de práticas para promover o sucesso educativo. Na formação que anda a ser dada pelo país foi distribuído um pdf equivalente (Portefólio-de-Medidas-de-Promoção-do-Sucesso-Educativo) que visa espalhar as práticas de sucesso pelo país.
Conheço razoavelmente umas quantas destas metodologias, mal outras tantas e praticamente nada umas outras, pelo que não me arrisco a dizer quais os melhores pratos da ementa.
Vou ser é assumidamente cínico na análise de todo este “esforço formador” para o sucesso.
O objectivo é baixar as taxas de retenção para níveis residuais, tornando todo o sistema mais barato e podendo apresentar estatísticas maravilhosas para europeu comp(a)rar e ainda nos tornarmos um case-study ao nível da Finlândia ou de uma qualquer potência educativa oriental.
Para isso, o melhor e mais rápido é começar pelo fim – decretar o sucesso total a nível de escola/agrupamento – e construir a metodologia do fim para o princípio e depois transformá-la num powerpoint a ser distribuído pelas restantes escolas como exemplo do sucesso.
Não estou a dizer com isso que estas propostas se baseiam nesta forma de tratar as coisas, mas apenas que se podem poupar muitos trabalhos, projectos e ralatórios se formos directos ao essencial: o sucesso total até ao 9º ano, até porque já nem há “exames” pelo meio e tudo será controlado pela boa aferição, aquela a que os inconvenientes poderão faltar para não embaraçar as pautas e tudo parecer um mar de rosas. Um pouco como na Inglaterra em que vai tudo de carrinho até aos 16 anos e depois se estampam com os exames à saída do Secundário (os novos GCSE que sucederam aos GCE O-Level, para não falar dos não obrigatórios A-Level) que servem de base para a admissão às Universidades. Porque é divertido ver como a escala de classificação é quase toda construída com base no sucesso (só o nível U equivale a reprovação), mas como isso é depois encarado pela sociedade e pelas instituições universitárias de maior prestígio.
E pode poupar-se muito trabalho e diversificadas chatices, pelo menos ao nível da gestão – porque ao nível das salas de aula é outra conversa – se o sucesso ficar garantido e a tutela satisfeita, podendo dizer-se que se adaptaram metodologias do portefólio à realidade local e criando registos a condizer. Batota? Nada disso! Se a ideia é os alunos passarem pelo simples facto de aparecerem na escola, para quê andarmos a fingir que isto é para levar mesmo a sério? Acima de zero é sucesso. O nível 1 passa a significar pouco sucesso, o 2 é sucesso um pouco abaixo do esperado, o 3 é o do sucesso esperado, 4 um sucesso acima do esperado e o 5 muito sucesso. E só chumba quem tiver alínea. E mesmo assim é bom que seja uma alínea muito bem fundamentada, porque se o aluno não apareceu nas aulas, talvez tenha sido por causa do odor corporal, da indumentária ou do cenho d@s docentes.
Faz-se um portefólio e siga para bingo.
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Conselho final: apresente-se a coisa como facto consumado, ouçam-se as opiniões, mas filtre-se o respectivo registo. Velhos do Restelo não produzem escolas de sucesso para o século XXI.