Ponto Um

De um interessante e literário documento datado de domingo passado, com o título de “Notas de Orientação e Apoio”, e enviado a todos os formadores que estão a formar os directores, coordenadores do 1º CEB e coordenadores dos DT nas sessões de promoção do sucesso escolar. Como é densamente inspirador, irei publicando em folhetins os seus seis pontos e revelada a autoria no final, caso se revele necessário.

O despacho OAL deve sair esta semana, bem como o edital do PNPSE. Qualquer plano de intervenção que uma escola se proponha aplicar, deve ser do conhecimento dos principais órgãos que integram a estrutura formal da escola e merecer a sua aprovação prévia. Que legitimidade e autoridade poderá ter um plano que o Conselho Pedagógico e o Conselho Geral desconhecem e sobre o qual não se pronunciaram? Ainda mais assim é, ao tratar-se de um plano de ação estratégica, enquanto instrumento de governação pedagógica da escola, a desenvolver no quadro de um programa nacional para a promoção do sucesso, criado através de uma Resolução de Conselho de Ministros, em resposta a uma emergência nacional tendo em conta as nossas elevadíssimas e persistentes taxas de insucesso e abandono escolares, quer pelo que representam em si próprias quer quando as comparamos com as dos países da União Europeia e da OCDE. Sendo o insucesso escolar um flagelo nacional, assiste-nos o dever e a responsabilidade institucional enquanto profissionais da educação de o combater e de nos mobilizarmos com os demais atores da comunidade educativa nesse combate. É preciso afirmar, e mais do que afirmar demonstrar, que a condição natural da escola é o sucesso, promovendo um ensino de qualidade para todos, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e do aumento da eficiência e qualidade da escola pública e que para tal é absolutamente necessário um compromisso social e a corresponsabilização alargada da comunidade educativa na criação de dinâmicas locais de intervenção, pensadas e definidas localmente a partir do conhecimento produzido pelas escolas, da sua própria capacitação para uma intervenção ajustada aos contextos locais e às necessidades específicas das suas populações-alvo.

Surprise

Je Suis… Vida?

Leio muitos comentários de acusação porque não corremos todos a mudar os nossos murais das “redes sociais” e não nos indignamos logo muito depressa de cada vez que há um novo atentado. Muitas vezes é pessoal que acha que o Je suis Charlie foi excessivo e demasiado singular. Só que as coisas são mesmo assim… a repetição do gesto, banaliza-o, tira-lhe impacto, acaba por torná-lo quase invisível.

O massacre em Orlando foi horrível, assim como o assassinato de uma deputada inglesa às mãos de mais um fanático qualquer.

E se acima de tudo defendessemos sempre a Vida, em todas as circunstâncias e independentemente dos contextos políticos, geográficos, religiosos, sociais, etc, contra a intolerância fanática e criminosa de todas as tendências, em vez de andarmos a fazer marcação cerrada uns aos outros?

Life

Hiperactividade

Já sei que é um assunto sensível e não pretendo fazer qualquer manual ou compêndio de sapiência sobre o tema. Claro que existe enquanto tal e não apenas como lugar-comum.

Mas se alguns papás e mamãs aprendessem que as crianças devem ter horários e rotinas de sono e vigília talvez ajudasse e menos destrambelhamentos futuros e não seria por isso que os rebentos achariam os progenitores menos cool.

Sim, são crianças, certo, gostam de se divertir, correr, pular, fazer tudo e mais alguma coisa a um ritmo alucinante. Mas se não lhes for transmitida uma qualquer estrutura, a certa altura será tarde e depois confunde-se tudo.

Não se ofendam, ok? É só uma ideia.

Vitinho

A Memória dos Rostos

Damos aulas a milhares de alunos ao longo dos anos. Quanto mais novos os temos, mais eles se transformam e transfiguram. Quando lhes perdemos o rasto, porque vivemos e passamos a trabalhar em outras terras, nem sempre os reconhecemos quando com eles nos cruzamos. Por vezes, basta um punhado, duas mãos cheias, de anos e @s petiz@s de 11 anos transformam-se em adolescentes e depois em jovens adultos. Eles ainda se lembram de nós, nós nem sempre. Hoje revi uma aluna, que reencontro esporadicamente, nem sequer minha aluna, mas apenas amiga de alunas minhas, com quem acabo sempre a trocar actualidades sobre a sua antiga escola, que ainda é minha, e junto da qual viveu até há pouco tempo. Nota-se de quem ela se lembra e, em especial, aquela ligeira amargura de nem sempre ser reconhecida por quem lhe deu aulas. Expliquei-lhe isto mesmo. Nem sempre é possível recordar tantos rostos, seguir-lhes a mudança, reter os nomes e todas as circunstâncias. No meu caso, é quase certo que me lembre do local da sala onde se sentavam e da inicial do primeiro nome. O meu ficheiro ainda funciona, mas longe da perfeição.

rostos