Pontos Três e Quatro

E aqui (obrigado, Daniel) há muito mais material inspirador que permite contextualizar tudo.

3. Mas a nossa ambição pode e deve ir bem mais longe se o desafio para a qualidade das aprendizagens e para a tendencial universalização da excelência em termos da proficiência da leitura e da escrita nos dois primeiros anos de escolaridade como base incontornável do desenvolvimento intelectual, social e emocional da criança, constituir uma das nossas prioridades e um dos nossos principais compromissos educativos para com a comunidade. Apresentemo-lo e discutamo-lo de forma inequívoca nos locais próprios e desafiemos a comunidade para o abraçar, enquanto condição basilar e imprescindível da promoção do sucesso escolar a médio e longo prazos e de ação preventiva do abandono escolar precoce destas gerações escolares no futuro. Muito provavelmente, o recurso à pedagogia diferenciada ficará facilitada com a adoção de soluções organizacionais pedagógicas flexíveis ao nível do agrupamento de alunos e da distribuição dos docentes. É também provável que seja necessário mobilizar outros profissionais, afiliados institucionalmente em outras entidades da comunidade (autarquia, segurança social, CPCJ, escola segura, …) para o desenvolvimento de trabalho técnico e especializado, no quadro de uma certa regulação social, com determinadas famílias que valorizam muito pouco ou mesmo nada a escola, que têm com esta uma relação de insucesso e de má memória, e a que uma boa parte destes alunos provavelmente pertence. Mas estas respostas, de natureza organizacional escolar e de regulação cívico-social, são respostas complementares e de facilitação das respostas metodológico-didáticas e de diferenciação pedagógica. É absolutamente indispensável que a centralidade da resposta ao problema esteja colocada na dimensão pedagógico-didática, sob pena de a instituição escolar soçobrar ao se descentrar do seu principal papel e do exercício das suas competências técnico-pedagógicas na provisão local de soluções flexíveis e eficazes de gestão curricular e pedagógica com vista à promoção do sucesso escolar para todos os alunos.

4. 10/11 de julho são apenas datas indicativas e em caso algum impeditivas de desenvolver processos participados e aglutinadores na definição de estratégias de ação educativa e da sua incorporação num plano no qual toda a comunidade, ou pelo menos, os seus representantes eleitos, se deve sentir implicada e corresponsabilizada na sua definição e concretização. Como tivemos oportunidade de referir nas diversas reuniões subregionais que fizemos nos últimos dias pelo país, trata-se de um compromisso educativo que se espera que cada agrupamento de escolas persiga, mobilizando nesse compromisso os seus saberes e competências especializadas e técnicas nas esferas da gestão curricular e pedagógica, da organização e regulação escolar, da relação e comunicação sociopedagógicas, da mobilização agregadora e convergente da comunidade educativa para tal desafio. É o que se espera de toda e qualquer instituição educativa especializada que disso se reclama e que inscreveu no quadro da sua missão desenvolver por todos os meios a prestação de um serviço educativo público de qualidade. Não há caminho que não tenha dificuldades, dúvidas, obstáculos, incertezas. Numa organização complexa como a escola, que se socorre da tecnologia intensiva e da coordenação por ajustamento mútuo porque habitada por pessoas de elevada qualificação, desde que exista um firme propósito removem-se com maior ou menor dificuldade os pequenos grãos de areia que sempre encontramos no fazer do caminho. Assim o queiramos.

Surprise

Ponto Dois

Voltou ao poder e ao controlo da máquina de propagação ideológica do ME aquele discurso que me deixa completamente absolutamente embevecido, para não dizer derretido. Isto é do material dado por um dos principais mentores dos formadores para a promoção do sucesso escolar. Só coloco um ponto de cada vez porque isto esmaga-nos. Parecem as pedagógicas de finais de anos 80 e anos 90 all over again.

Neste nobre desafio e mandato cometido constitucionalmente à escola, é imperativo que esta se implique e mobilize na dinamização de uma consciencialização de toda a comunidade de que o sucesso escolar é possível para todos os alunos e que, para tal, se exige um compromisso e intervenção dos diferentes agentes da comunidade educativa. Todavia, é à escola, enquanto instituição especializada para a realização da função social educativa, que compete a liderança do processo curricular e pedagógico, bases primeiras da sua razão de ser e carta de compromisso, promovendo para o efeito práticas que permitam prevenir o insucesso, privilegiando a intervenção precoce, em detrimento de um enfoque em estratégias remediativas, suscitando oportunidades e respostas de formação contínua em contexto escolar, direcionada ao trabalho em sala de aula, às questões metodológico-didáticas, à pedagogia diferenciada, à avaliação para as aprendizagens, à reflexão sobre práticas locais e ao desenvolvimento de estratégias inovadoras e indutoras de mudança. Este tem de ser o foco, o campo de ação onde predominantemente nos devemos mover, o que temos de fazer muito bem e que nos distingue de outros profissionais. É esta a nossa primeira prioridade. Para os 30% de alunos que aos 6 anos e apenas três meses após o início das aulas já denotam fortes indícios de grande fragilidade nas competências da leitura que resposta pedagógico-didática tem a escola para eles, de modo a corrigir a situação e evitar que venham posteriormente a integrar as fileiras dos alunos a reter? Eis apenas uma das situações ilustrativas, denotadora de uma fragilidade educativa que atravessa a esmagadora maioria dos Agrupamentos, e que tenho recorrentemente apresentado nos recentes encontros subregionais. E se mergulharmos intra-agrupamento, observando e esmiuçando cada uma das situações específicas das várias EB1 que o integram, seremos provavelmente surpreendidos com a disparidade das situações e a emergência de uma resposta eficaz para o problema. Apesar de os preditores explicativos serem multidimensionais e não devermos escamotear fatores extrínsecos à escola, a nossa primeira abordagem deve dirigir-se a fatores escolares intrínsecos. Somos profissionais de uma instituição educativa que disporá certamente de conhecimento sobre metodologia e didática, técnicas de pedagogia diferenciada, sendo neste campo de ação que em primeiro lugar nos devemos centrar, recorrendo se necessário ao instrumento da formação contínua em contexto escolar, direcionada e focada em abordagens e competências alternativas de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita para perfis de alunos a que os métodos usualmente utilizados no agrupamento não têm respondido eficazmente.

Quando ressuscitam as publicações do IIE?

Surprise

 

E Mantiveram os 10 Alunos!

Como já tinha escrito quando se falou nisto, uma boa ideia pode ser estragada quando se submete à lógica do Tio Patinhas. Até agora tínhamos uma hora por semana para cada aluno de tutoria; a partir do próximo ano temos quatro horas semanais para dez alunos (artigo 12º do despacho normativo n.º 4-A/2016) o que significa o aumento da produtividade, pois dá uma média de 2,5 alunos por cada hora investida pelo ME na “promoção do sucesso escolar” por esta via.

É hábil esta forma de dar a entender que se melhora aquilo que se acabou de piorar, prestando um pior serviço aos alunos, pois estes são aqueles que exigem um trabalho mais individualizado, diferenciado e quantas vez privado (só quem anda nas escolas percebe isso), e ainda conseguindo sacar umas horas aos professores tutores.

Bravo, ministro Tiago, até porque a FNEprof aplaudirá (resta saber se com o Mário Nogueira a fazer discurso amanhã a este propósito), mais aqueles que gostam de fogo de pólvora seca, comprada aos lotes de 10 sacas.

FogoArtificioPenisGlasgow