Gostaria de convidar algumas (muitas?) pessoas bem-pensantes a vir para uma escola pública, sem ser em regime VIP ou de projecto-piloto ao colinho do ME com todas as facilidades e apoios, leccionar um ano de aulas a 6 turmas com 28-30 alunos e um regime de avaliação que lhes garanta (aos alunos) à partida a transição, desde que apareçam umas vezes e se dignem um ou outro luxo como ter caderno e de vez em quanto serem pontuais. Como sabemos, qualquer episódio de indisciplina será falha do docente em gerir as emoções e as expectativas na sala de aula e o insucesso das aprendizagens resulta sempre de uma falha de comunicação ou de estratégia pedagógica do ensinante, visto que o aprendente está sempre ávido de saber como um finlandês ou um jovem habitante de Singapura no topo dos PISA.
Ensinem-nos pelo exemplo, senhor@s especialistas, porque é pelo exemplo que se demonstra o quão válida é uma proposição, a menos que seja informada aos primeiros quinze dias. Nós, os cultores da retenção, aguardamo-vos com ansiedade e a esperança natural do aprendentes que querem ser ensinados, quais alunos reguilas que é necessário cativar. Seduzam-nos, cativem-nos, mas não apenas pelo verbo ou pela porcaria, desculpem, portaria ou despacho normativo, que isso faz tanto efeito como paracetamol 250 para crianças com dor na barriguinha. Já pensaram que se os professores básicos ainda não aprenderam as vossas lições é porque sois – vocelências mesm@s – péssimos ensinantes e muito piores gestores de expectativas (para não adjectivar de forma justamente mais contundente)?
A bem do novo paradigma.
Tais sumidades continuam a incorrer num erro primário e trágico: a desresponsabilização dos alunos e também das famílias pelas aprendizagens e pelo seu sucesso. Seguem um esquema behaviorista acéfalo que faz dos alunos massa informe que o meio (escolar) molda a seu bel-prazer. Pretende assim criar não pessoas – i.e., seres intelectual e moralmente responsáveis e adultos -, mas uma massa informe destinada simplesmente a engrossar o precariado.
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Grande Guinote !
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Acho piada a um argumento dos especialistas “o aluno deve desenvolver-se harmoniosamente”. Eu concordo.
Ora, se o aluno não tem maturidade intelectual e/ou emocional deve ser retido para, com mais tempo, desenvolver-se ao seu próprio ritmo (mais lento, claro), e dessa forma atingir a harmonia.
Assim, reter um aluno é ajudá-lo a encontrar o seu grupo etário mental.
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Totalmente de acordo. Seria mais fácil “aprendermos” seguindo o exemplo deles… O sucesso seria pleno…
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Óptimo!
Acrescentaria, que não é demais lembrar… com horários como têm muitos professores, com as reuniões todinhas para além do horário de trabalho, com um ou outro “carguinho” para os quais as horas nunca são suficientes, com o preenchimento de todas as muitas inutilidades pseudo-pedagógicas, a fazer formações da treta em horário pós-laboral de cuja componente de estabelecimento não tem efectivamente dispensa pois tendo cargo terá sempre que realizar o trabalho que lhe está adstrito, com o mail continuamente violado, pela duas, quatro da manhã, incluindo fins-de-semana com informações variadas, documentos diversificados, verificações de materiais de reuniões, solicitações de dados, comunicações, etc, etc, etc…
… mas… acrescentem-se condicionantes como: sem funcionário no pavilhão, sem canetas para os quadros, sem ligação à internet, sem computador a funcionar, salas ora tórridas, ora gélidas, sem cadeiras suficientes para os alunos,…
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