Embora já não seja PR e apesar de todas as suas limitações, esperava-se que à criatura não restasse apenas um imenso ressabiamento com a actual solução governativa que o faz defender a aplicação de sanções ao seu próprio país, sanções resultantes de um processo de endividamento e ajustamento de que ele foi cúmplice activo, por omissão quando deveria ter agido e por acção quando deveria estar quietinho e calado.
Há quem ache que ele foi um excelente político, algo com que discordo, pois acho que ele se limitou a ser o político que aproveitou um período histórico muito específico para chegar ao poder, quando os seus adversários eram gente de calibre muito escasso (a sua primeira maioria absoluta é conseguida com Vítor Constâncio a liderar o PS, pelo que encerro o meu caso) e o dinheiro europeu entrava em catadupa.
Chegou a PR porque o PS de Sócrates preferiu torpedear a candidatura de Manuel Alegre, por estar muito encostada à esquerda que agora dá suporte à geringonça.
O resto, o seu triste definhar político, é algo patético, um estertor que ele poderia evitar se tivesse o bom senso de nem aparecer mais em público e ir tratar das coisas domésticas com a sua maria. Pouparia a todos este doloroso espectáculo e talvez evitasse que a memória que dele temos não se torne ainda mais lamentável.