Foram conhecidas hoje e, talvez para espanto geral, umas subiram e outras desceram em relação ao ano anterior. O que a evolução decimal dos resultados não resolve é o número de vagas nos cursos superiores mais desejados. Subam ou desçam as classificações, as cadeiras disponíveis são as mesmas. Claro que isso não significa que a classificação dos exames seja irrelevante, muito pelo contrário. Só que aos classificadores, todos conhecemos nas escolas, todos os anos. O que me irrita é a inimputabilidade que resulta do secretismo em torno das equipas que produzem os exames que, a cada ano que passa, têm sempre uns arrebiques por onde pegar e nunca há quem dê a cara para além da sigla.
a minha filhota lá conseguiu média para entrar onde queria. tudo em paz. (mais ou menos)
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Algo se passou com o exame de História A. Há uns dias, foi publicado no jornal “Público” um artigo de opinião da ex-deputada do BE – e professora – Cecília Honório com graves acusações sobre o modelo e conteúdo da prova deste ano. Eu estive a ver, achei que havia razão para a maioria das críticas, mas não tenho total capacidade para avaliar essas acusações. O que é certo é que, publicados os resultados, foi das provas onde as médias mais desceram em relação ao ano passado! Alguém se vai aplicar a saber porquê?
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O exame era um pouco mais difícil.
O modelo actual de exames está esgotado e as tão elogiadas “séries estatísticas”, que se produzem para gáudio dos “investigadores” avaliam mais as ligeiras alterações do grau de dificuldade das provas, de ano para ano, do que a progressão das aprendizagens dos alunos.
https://escolapt.wordpress.com/2016/07/13/notas-dos-exames-segunda-parte/
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Precisamente esta era uma das questões colocadas em causa pela Cecília Honório, e não por algo de ideológico, mas porque, simplesmente não se enquadrar no programa. Fui consultar, andei para cima e para baixo no programa e tenho muitas dúvidas que uma questão com esta abrangência esteja de acordo com os objetivos nele implícitos. É necessário um grande esforço de enquadramento. Os documentos terão alguma utilidade mas, se não existir uma cultura histórica, económica e política mínima serão difíceis de interpretar e enquadrar..
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O exame não era extremamente difícil, mas tinha por ali umas sinuosidades interpretativas. De qualquer modo, acho mal que os políticos metam os nariz nessas matérias, em especial quando o fazem pela via da ideologia.
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Enquanto não existirem vagas para todos nos cursos que todos querem, o “esgotamento” do modelo é uma falsa questão, a menos que os exames à saída do Secundário sejam maus, mas à entrada do Superior sejam bons. Como aquela dicotomia entre provas finais más e provas de aferição boas. Não partilho da crítica aos exames, nunca partilhei, seja qual for o governo ou a oposição que estejam.
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Digo que o modelo está esgotado, até neste sentido: é possível ir hoje para um curso de História sem fazer este exame, aliás, até mesmo sem ter tido a disciplina no secundário. E isto passa-se na maioria dos cursos superiores, à excepção das ciências e engenharias por causa da especificidade da Matemática e nos tais “cursos que todos querem”.
O resto é o que se sabe: se só confiamos nos exames para uma avaliação justa, então deveriam existir em todas as disciplinas. Que os privados há muito perceberam a jogada e driblam o sistema com toda a facilidade.
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Entretanto, o privado finta isto tudo com altas notas nas disciplinas onde não há exames, explorando o nicho de mercado dos alunos que precisam de subir as médias para entrar na universidade…
https://escolapt.wordpress.com/2016/07/14/como-se-constroi-o-sucesso-escolar/
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No público também as médias são mais altas às disciplinas opcionais, por vários fatores. O primeiro é a “guerra” que existe, em muitas escolas, entre grupos disciplinares para captar alunos e arranjar horários. Depois, os próprios alunos têm tendência a ir para opções que lhes parecem mais fáceis, até por terem visto as notas de anos anteriores (alguns mudam mesmo, durante o primeiro período, quando lhes parece que fizeram uma má escolha – por exemplo de Aplicações Informáticas, ou Inglês, para Direito ou Sociologia. Tenho experiência pessoal disso). Há ainda mais um fator a ter em conta: a carga horária destas disciplinas foi diminuída pelo Dr. Crato mas os programas nunca foram adaptados. Por isso, torna-se fácil que alguns professores escolham os conteúdos mais acessíveis, ignorando o que pareça ser mais difícil.
Exames nacionais a estas disciplinas. Seria difícil. Os programas de algumas delas, que conheço bem, não foram elaborados a pensar nisso (Sociologia, Direito, por exemplo). E, lembre-se, salvo o erro, Walter Lemos, acabou com a disciplina bienal de Aplicações Informáticas simplesmente porque não sabiam como “operacionalizar” os exames, principalmente a parte prática.Só sabem fazer exames de “papel e lápis”.
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