Há décadas que em vez de ser um organismo técnico de apoio aos desempregados é um espaço privilegiado para as colocações políticas (promoção do emprego aparelhista) e para o martelar de estatísticas e políticas em que os empregadores têm sempre a primeira e última palavra. Que os abusos em estágios eram conhecidos há meses e estavam na gaveta não me surpreende nada. É toda uma forma de funcionar do aparelho de um Estado capturado por interesses e clientelas partidárias que apenas mudam as varejeiras a cada ciclo político. Agora apenas há menos indignação dos indignados do costume, porque lhes chegou a vez de se assomarem à gamela.
O Meu Quintal 
Há uns meses, quando tive de marcar presença numa apresentação do Plano Nacional de Reformas, com o aluado ME e o Ministro Vieira da Silva, tive a péssima ideia de, como cheguei cedo, me sentar numa das primeiras filas. Rapidamente me apercebo que aquilo era só rosa… A senhora que se sentou ao meu lado, entradota, tinha na sua capa do telemóvel um autocolante com o apelo ao voto no atual PM e passou o tempo (mais as comadres que estavam ao lado) a aplaudir entusiasticamente e a lançar remoques cada vez que havia referências ao governo anterior. Até aqui tudo mais ou menos normal. Mas o que me revolveu as entranhas foi o diálogo de dois boys que, pelos vistos, já não se encontravam há uns tempos e que se regozijavam dos jobs que agora detinham. Faziam-no, com nenhum recato, para quem quisesse ouvir, com aquele tom para quem isto já é tudo normal. Era um: “Eh, pá, estou na DGEstE…” E o outro: “Olha, eu agora estou no IEFP…” Impossível, cada vez que se fala em trocas e baldrocas no IEFP não me lembrar do à vontade e da felicidade destes dois compinchas com a generosidade e as benfeitorias do Poder.
GostarGostar