Aguardo…

… com natural e sôfrega impaciência as prendas generosas que consta serem dadas aos professores em troca da adopção de manuais escolares, porque estou cheio e farto das agendazinhas do costume. Até porque um dos meus grupos disciplinares (de que vou ser delegado no próximo ano) escolheu um manual que a editora nem sequer me enviou.

A quem mando a actualização dos dados para que me mandem o manual, o ipad, o ipod e tudo aquilo que o Correio da Manhã me promete? Porque, mesmo com o Agosto a acabar, uma arca frigorífica é sempre bem-vinda.

Reparem que não estou a negar que há ofertas… apenas que se têm esquecido de mim (mas é bem verdade que não fui a nenhuma dessas formações…)

CManhã(imagem sacada do mural do Rodolfo Aparício)

28 de Agosto de 2005

O último dia em que existiu uma carreira docente em Portugal. No dia seguinte iniciar-se-ia um longo congelamento das progressões, interrompido apenas no contexto eleitoralista de 2008-09 e retomado em seguida como prática comum, porque a constitucionalidade dos direitos é algo muito relativo. Em Janeiro de 2007 seria decretado um novo Estatuto da Carreira Docente, menina dos olhos de José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues e seus apaniguados e colaboradores, entre os quais estão muitos dos que agora se querem fazer passar por amiguinhos dos professores  – e sim, estou a pensar por exemplo, num dos operacionais no terreno de então que agora sonha com sucesso – acreditando na memória curta da maioria que já parece aceitar a recuperação branqueadora de muitos dos que legislaram a efectiva domesticação proletarizadora da docência. que vieram outros a seguir que nada fizeram contra isso e ainda escancararam mais a porta? Sim, é verdade, como é verdade que devemos ter vergonha na cara e a decência de nomear as bestas de então pelos nomes, não os encobrindo com outros em nome de conveniências actuais.

Quanto à gente de agora, nos bastidores ou com direito a primeiro plano? Ou estiveram caladinhos, com medo de arriscar o futuro, ou cavalgavam a situação de outrora, porque parecia inabalável.

Ahhhh… há os que na altura gritaram muito, mas que agora estão presos pelos tintins e só piam fininho depois de autorizados. E sim, estou a pensar em grandes líderes façanhudos que aterrorizam as criancinhas que escrevem no Observador.

Alcatrao