A Malta não Precisava de Organização

Bastava existir uma bola e as faltas aconteciam naturalmente, sem necessidade de organização politizada e tal. E éramos democráticos… faltava-se quando o campo estava livre de malta mais velha, fossem quais fossem os professores. E era a segunda metade dos anos 70 na margem sul.

De qualquer das maneiras, há coisas que assim se percebem melhor na geringonça educativa. Há quem tenha parado no tempo e ainda não tenha saído da bolha da pubescência leave the kids alone.

Pizza

Concurso de Professores 2016-17

Ainda não li ou ouvi qualquer razão aceitável para justificar que os resultados de concursos abertos há meses sejam divulgados na antevéspera ou véspera do início do ano lectivo. Agosto é mês de férias? Deixem tudo pronto em Julho e não andem a catar minutos e horas aqui e ali para poupar tostões enquanto infernizam a vida de milhares de pessoas e centenas de escola.

(não acredito que, depois de anos e anos de erros e críticas, isto é apenas incompetência…)

Patinhas

30 de Agosto de 2005

Há 11 anos começava o congelamento das progressões na carreira docente. Desde esse dia até ontem passaram-se 3653 dias, dos quais apenas 2557 (70%) não foram contabilizados para a progressão dos docentes dos quadros, mesmo tendo cumprido todos os requisitos da patética e inútil avaliação do desempenho imposta desde 2007-08 e que foi sendo alegadamente simplificada de forma sucessiva. Até final desde ano civil passarão 3777 dias desde a entrada em vigor da lei 43/2005, dos quais 2681 (71%) não contarão para a valorização da carreira dos educadores e professores.

Em tempos, era capaz de me demorar na explicação dos efeitos profundamente nefastos desta medida, injustificável apenas com imperativos orçamentais. A desmotivação, por desaparecimento de qualquer horizonte de progressão na carreira, só não é compreensível por gente demasiado cega ideologicamente ou apenas estúpida. Não é raro as duas condições coincidirem. Sem o descongelamento da carreira e a criação de condições dignas para a aposentação dos professores, a par da abertura de vagas realistas nos quadros das escolas sem vinculações extra-ordinárias, dificilmente se renovará e rejuvenescerá a profissão docente.

Em 30 de Agosto de 2005 acreditava que pouca gente defenderia verdadeiramente uma situação destas. Nos últimos 11 anos fui progressivamente percebendo que, afinal, eram muitos os que se acoitavam atrás das medidas da dupla Sócrates/Rodrigues e que muitos foram aqueles que se limitaram a fazer lip service em defesa dos direitos laborais dos professores, incluindo muitos dos seus representantes que prestaram prestimosa colaboração a Nuno Crato durante o seu mandato (FNE) ou que agora são a muralha d’aço de Tiago Brandão Rodrigues (Fenprof). Todos trocaram a sua missão de defesa dos direitos dos docentes por um lugar nos corredores do poder e à mesa das pseudo-negociações, usando do argumento dialogante do soft power à vez. Nisso pouco se distinguindo dos especialistas de circunstância, sempre prontos para um estudo – com chancela mais católica ou mais laica – capaz de provar a bondade imensa das políticas públicas desta ou daquele.

Entretanto… a oeste e a leste, nada de novo. Nem dos concursos se tem notícia… mais uma vez… a menos de 48 horas do arranque de um novo ano lectivo.

gelo

Que Jornalismo?

Neste quintal não é nada habitual cultivo alheio, mas há sempre excepções e esta justifica-se.

Não compro o “Correio da Manhã”. Mas leio-lhe, quando me aparecem, os títulos na internet ou nas bancas e estou minimamente atento à sua política editorial e não deixo de considerar esta doentiamente asquerosa, oportunista e cobarde, porque lança a pedra, mas esconde a mão. E deve haver muita gente que gosta desse estilo a fazer fé nas sondagens.

O que eu não aceito, mas sou impotente para um duelo à moda antiga, é que um gajo qualquer ou mais gajos ou um diretor parvo ou quem quer que seja, queira vender mais jornais à minha custa através de títulos falsos, de afirmações não comprovadas (já não há ética e deontologia?!) e nunca ou raramente desmentidas:

O título é: Editoras seduzem docentes com prendas, Editoras oferecem iPad e máquinas fotográficas para convencer docentes a adotar manual.

Que editoras são? Eu fartei-me de proclamar alegremente que escolhia democraticamente o manual da editora que me oferecesse uma sonhada viagem às Seychelles!!! Mas nada! Que desilusão! Fui a muitas sessões de apresentação de manuais e confesso que não me apercebi de iPads e de máquinas fotográficas, mas fui a correr às muitas caixas e sacos que as editoras me deram (e que eu ainda tinha) à procura da prova da minha corrupção. Nada. Bem, o meu gato, o Bonny, andava todo lavadinho. Desconfio que foi ele quem me desviou a máquina fotográfica para usar numas intimidades com a Mimi, a gata da vizinha do lado.

É verdade que fui a várias sessões de apresentação de manuais do 5º ano. É verdade que comi umas bolachinhas e tomei café. Ou um sumo derivado de concentrado. Mas também é verdade que gastei gasolina para me deslocar a essas sessões (não as houve na minha cidade). Mas também é verdade que ainda hoje padeço de dores num pulso por excesso de carga dos artigos corruptores.

O “Correio da Manhã” não irá publicar esta minha opinião. Mas se quiser que eu vá a um daqueles debates da CMTV em que a substância demora duas horas a ser mastigada, eu vou. Com despesas pagas, claro. E se puderem a tal viagenzinha às Seychelles…

José Fernandes (Barcelos)

batmannthink