Tanto haveria a dizer sobre a demagogia em torno desta área da Educação, onde tantos milhões se deslocam. Assim de perto, de quem vê isto desde que entrou para a escola há muitos anos, as coisas só melhoraram na superfície lustrosa das páginas muito ilustradas, mantendo-se muitos vícios nos meandros, quase sempre distantes do escrutínio público. E sem que eu veja muitos inocentes, excepto os que pagam ou que são obrigados a esperar até terem direito ao mesmo que os outros para chegar ao “sucesso”. Algumas iniciativas da política mais imediatista, entre a ousadia (gratuitidade dos manuais do 1º ano) e o temor orçamental (reutilização obrigatória em bom estado), ajudam pouco à situação, quando não são devidamente preparadas. Para além de ser esquecido que os encargos das famílias com materiais escolares e auxiliares ao estudo são muito vulneráveis às frequentes mudanças de orientação nos currículos, programas, metas e mecanismos de avaliação externa das aprendizagens. Cada vez que um ministro ou secretário de Estado espirra uma reforma, são milhões de livros deitados fora e outros tantos adquiridos de novo, porque agora a prova é de 5º e não é exame de 6º e agora a prova é assim e não assado e as vírgulas e os parágrafos das metas mudaram de sítio.
O ano passado uma aluna minha, boa aluna, andava muito baralhada porque o manual dizia uma coisa e eu outra. Expliquei-lhe que além do curso eu tinha meia dúzia de manuais na mão e escolhia o melhor para a palestra na aula. Que devia aprender o que eu ensinava e depois o livro era um complemento. acabou com o 5 no final de ano, lá se adaptou mas deixou-me a pensar…ás tantas os miúdos já nem sabem em quem confiar.
o ideal era eu levar a meia dúzia de livros para a aula e deixá-la selecionar a informação.
este ano terá essa oportunidade, acho que vai perceber ainda melhor. (estava no 7º e agora está no 8º – acho sempre que os sétimos tem de se adaptar sem se preocuparam com outras coisas mas no 8º já têm segurança suficiente para voar um pouco)
🙂
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