Novas obras com custo por escola 15 vezes inferior ao da Parque Escolar
O juiz Carlos Alexandre queixou-se publicamente que sente que alguns aspectos da sua vida pessoal e privada andarão a ser devassados de uma forma ou outra. Qual a surpresa? É verdade que não deveria ser assim, mas é mais verdade que, infelizmente, as coisas são assim e até admira que até agora ainda não tenham surgido assim, umas fugas mais ou menos rigorosas. É esperar pela pronúncia… caso venha a existir.
O ex-PM Passos Coelho, um pouco em forma de retribuição por escritos passados, decidiu apresentar um livro de aparente alcovitice política picaresca. Será que voltou aos tempos de rebeldia boémia dos anos 90 do século passado?
Apesar da sedução dos gadgets, quando em contacto directo e não esporádico com os livros, são poucos os miúdos que não se deixam agarrar pelo prazer muito particular do objecto impresso, assim os adultos lhes saibam despertar a curiosidade ou encorajar a exploração. Uma das iniciativas que menos reparos poderá merecer a quem quer que seja foi o Plano Nacional de Leitura, forma de incentivar a leitura e o contacto dos livros, em primeiro lugar por via das Bibliotecas Escolares e em seguida através do eventual avivar do interesse dos miúdos pelos livros e, por essa via, dos próprios pais mais afastados desse gosto. O problema foi quando a chancela do PNL se tornou outra coisa, forma de mercantilizar muitas edições, quando bastava a obra ser do mesmo, colecção ou seja o que for das obras originais. Esgotadas ou não as edições existentes, assistiu-se – em especial para o Ensino Básico – a uma revoada de reedições que, com mais ou menos bonecagem, duplicaram ou triplicaram o preço anterior, mesmo sem o argumento de serem edições com pouca circulação, pois agora é que estão asseguradas vendas de muitos milhares. Só que roça a obscenidade comercial ver obras de autores mais do que defuntos, no domínio público, com pouco mais de 50 ou quanto muito 100 páginas em pequeno formato a serem vendidas a preços quase iguais ao de traduções de obras recentes, capitalizando do sucesso de uma iniciativa destinada a promover a leitura e não a explorá-la. Como sou um bocado arcaico nestas coisas – alguns dirão soviético, outros quiçá salazarento – gostava de ver a edição de muitas destas obras a ser feita pela INCM com preços de mercado que promovessem a massificação do consumo dos livros através da sua acessibilidade e não da edição para facturação imediata. Se isto é um atentado às leis da pseudo-concorrência e uma visão estatizante da promoção da leitura? É capaz de ser verdade, mas prefiro isso a ver sacar mais de 10 euros às “famílias” (é curioso que tanto se fale de manuais, mas não de outras coisas e que a Confap seja de um silêncio atroador nestas matérias) por coisas que “na produção”, em edições de muitos milhares anuais, ficarão a 2-3 euros. E atenção que estou a falar de livros de fábulas, contos, histórias tradicionais e nem sequer na produção de autores ainda activos e com todo o direito a receberem os direitos devidos à sua inspiração e trabalho.