Devassa

O juiz Carlos Alexandre queixou-se publicamente que sente que alguns aspectos da sua vida pessoal e privada andarão a ser devassados de uma forma ou outra. Qual a surpresa? É verdade que não deveria ser assim, mas é mais verdade que, infelizmente, as coisas são assim e até admira que até agora ainda não tenham surgido assim, umas fugas mais ou menos rigorosas. É esperar pela pronúncia… caso venha a existir.

lampadinha21

Livros – 2

Apesar da sedução dos gadgets, quando em contacto directo e não esporádico com os livros, são poucos os miúdos que não se deixam agarrar pelo prazer muito particular do objecto impresso, assim os adultos lhes saibam despertar a curiosidade ou encorajar a exploração. Uma das iniciativas que menos reparos poderá merecer a quem quer que seja foi o Plano Nacional de Leitura, forma de incentivar a leitura e o contacto dos livros, em primeiro lugar por via das Bibliotecas Escolares e em seguida através do eventual avivar do interesse dos miúdos pelos livros e, por essa via, dos próprios pais mais afastados desse gosto. O problema foi quando a chancela do PNL se tornou outra coisa, forma de mercantilizar muitas edições, quando bastava a obra ser do mesmo, colecção ou seja o que for das obras originais. Esgotadas ou não as edições existentes, assistiu-se – em especial para o Ensino Básico – a uma revoada de reedições que, com mais ou menos bonecagem, duplicaram ou triplicaram o preço anterior, mesmo sem o argumento de serem edições com pouca circulação, pois agora é que estão asseguradas vendas de muitos milhares. Só que roça a obscenidade comercial ver obras de autores mais do que defuntos, no domínio público, com pouco mais de 50 ou quanto muito 100 páginas em pequeno formato a serem vendidas a preços quase iguais ao de traduções de obras recentes, capitalizando do sucesso de uma iniciativa destinada a promover a leitura e não a explorá-la. Como sou um bocado arcaico nestas coisas – alguns dirão soviético, outros quiçá salazarento – gostava de ver a edição de muitas destas obras a ser feita pela INCM com preços de mercado que promovessem a massificação do consumo dos livros através da sua acessibilidade e não da edição para facturação imediata. Se isto é um atentado às leis da pseudo-concorrência e uma visão estatizante da promoção da leitura? É capaz de ser verdade, mas prefiro isso a ver sacar mais de 10 euros às “famílias” (é curioso que tanto se fale de manuais, mas não de outras coisas e que a Confap seja de um silêncio atroador nestas matérias) por coisas que “na produção”, em edições de muitos milhares anuais, ficarão a 2-3 euros. E atenção que estou a falar de livros de fábulas, contos, histórias tradicionais e nem sequer na produção de autores ainda activos e com todo o direito a receberem os direitos devidos à sua inspiração e trabalho.

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