Não sou dos que acham que a escola tem de ser quase o único refúgio da miudagem para se divertir, ser feliz e isso tudo, que antes era do foro familiar e das amizades não circunscritas aos muros escolares. Haverá mesmo quem ache que eu pense o contrário. Mas não é verdade; ao contrário de toda aquela malta que acha que a escola deve ser só trabalho, trabalho, trabalho, acho que ela deve ter espaços para os alunos respirarem alguma liberdade. Ao contrário daquela famosa ex-ministra e dos seus cortesãos adeptos de uma esmagadora escola a tempo inteiro e sem furos, eu acho que – sem se cair no excesso dos meus bons velhos tempos em que a excepção em alguns dias era ter aulas – os tempos escolares devem ser equilibrados com tempo para outro tipo de actividades. Pelo que discordo tanto daqueles modelos que parecem apenas perseguir um ideal de permanência beatífica na escola, fazendo apenas o que “interessa” aos alunos como do modelo que apenas se baseia em mais, mais, mais aulas e apoios e etc. Quando analisamos o que existe em matéria de relação entre a felicidade dos alunos na escola (sim, sei que é diferente de felicidade nas aulas) e o seu desempenho em testes comparativos, verificamos que há países em que a infelicidade dos alunos vai a par do seu aparente brilhantismo académico (alguns países orientais como a Coreia ou o Japão, mas também a própria Finlândia e sem surpresas a Alemanha), enquanto outros há em que parece que só há felicidade por fracos que sejam os resultados. Algures, mais ou menos encostado a um dos eixos, existirá um ponto de equilíbrio em que os alunos possam ter um resultado satisfatório num ambiente que lhes seja agradável. Apesar de todas as críticas dos arautos do nosso arcaísmo educacional oitocentista (e manchesteriano e coiso e tal), parece que os nossos alunos se sentem bem nas suas escolas. E, mais importante, sentem ter uma boa relação com os seus professores, contrariando quem acha que a qualidade dos nossos docentes deixa muito a desejar, nomeadamente no que se refere à sua capacidade de relacionamento com os alunos. Como professor, cheio dos defeitos e preconceitos inerentes à condição, estas opiniões dos alunos deixam-me satisfeito não pelo que expressam mas também – confesso a minha mesquinhez – pelo que significam de bofetada na cara de toda a gente. mesmo da que finge que as coisas não são assim.
Acho que sou feliz no trabalho. 🙂 Mas careço do abracinho da minha filhota que emigrou para a tua terra e para a tua Universidade de licenciatura, parece-me. 😦
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