E lá vamos nós em modo “suave” ver os programas mudar mais uma vez, mas agora como se não mudassem e apenas se restringissem ao essencial. É uma espécie de regresso ao conceito de “programa mínimo” como o conheci, enquanto aluno, no início dos anos 80. Podem consensualizar o que bem entenderem, mas a verdade é que uma coisa é corrigir erros do programa de Matemática ou implodir certas metas do Português (como aquela da leitura o minuto, verdadeiro atentado à inteligência), outra coisa falar em “currículos essenciais”.
Até porque é um contra senso que se queiram «promover “competências de nível mais elevado” entre os estudantes, como o “pensamento crítico”» com base em aprendizagens mínimas. Como se fosse possível chegar ao Nobel da Física sabendo apenas a estrutura do átomo e pouco mais, já que tudo isto parece uma caricatura de raciocínio.
Competências de nível mais elevado implicam aprendizagens mais exigentes, mais completas e não encurtadas, caso contrário é um “pensamento crítico” à medida de quem define o que é essencial, amputado. Então em História, o que se elimine dos conteúdos é todo um programa sobre o pensamento que se pretende truncar, eliminando conhecimentos que possam atrapalhar as lógicas de sentido único. O pensamento crítico só se constrói sobre informação ampla e devidamente tratada, não com o que seria considerado um “back to the basics” se fossem outros a defender esta formulação de “currículos essenciais”.
Eu até entendo o que possa estar a passar pelas cabeças muito bem intencionadas de algumas pessoas, mas a verdade é que, no terreno, toda esta conversa sobre “pedagogia diferenciada” se tem traduzido em estimular a existência de turmas e grupos de nível, ou seja, fenómenos de micro-segregação escolar completamente contrários ao que é verdadeiramente uma diferenciação pedagógica em sala de aula, assente num trabalho cooperativo (agora diz-se colaborativo) entre os alunos com diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, não os separando à boa e velha moda antiga.

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