Para compensar a prosa albina, mesmo ali ao lado, pois agora parece que do lado canhoto há uma imensa dificuldade em assumir publicamente críticas às políticas em desenvolvimento.
O Currículo Mínimo
Em declarações recentes (Expresso, 8 de Outubro e Diário de Notícias, 12 de Outubro), o actual secretário de Estado da Educação anunciou que vamos entrar em modo “suave” de reformulação dos programas de um número indeterminado de disciplinas, embora se afirme que não é bem mudar ou reformular, mas apenas definir “aquilo que é essencial que os alunos aprendam para depois permitir uma melhor gestão do tempo e do trabalho” (DN, 12/Out).
Se bem percebo é uma espécie de regresso ao conceito de “programa mínimo” como o conheci, enquanto aluno do Ensino Secundário, no início dos anos 80, quando a certa altura do ano nos diziam que uma série de conteúdos iriam aparecer no exame de 12º ano e outros não, pelo que não era preciso estudá-los. Afirma-se ser consensual que o currículo é longo mas não se acrescenta que isso é relativo, pois um programa pode ser longo ou curto dependendo do tempo que exista para o leccionar, sem repetir conteúdos de ciclo para ciclo como agora acontece. Assim como uma coisa é corrigir erros do programa de Matemática ou de certas metas do Português (como a da leitura o minuto), outra coisa falar em “currículos essenciais” e proceder à enésima remodelação do programa dessas disciplinas.
Por outro lado, parece-me um contra senso que se queiram “promover «competências de nível mais elevado» entre os estudantes, como o «pensamento crítico»” (declarações ao DN) com base em aprendizagens mínimas. Competências de nível mais elevado implicam aprendizagens mais exigentes, mais completas e não encurtadas, caso contrário é um “pensamento crítico” à medida de quem define o que é essencial, amputado. O pensamento crítico só se constrói sobre informação ampla e devidamente tratada, não com o que seria considerado um “back to the basics” se fossem outros a defender esta formulação de “currículos essenciais”.
Para além disso, quando se afirma que as “competências de gestão de projecto, comunicação oral e escrita, de mobilização do conhecimento humanista e científico estão neste momento bastante arredados das aprendizagens devido à extensão e excessiva padronização” (Expresso, 8/Out), para além de um atestado de menoridade profissional aos professores, entra-se num domínio da pura subjectividade, achando eu mais importante que o exercício de uma plena cidadania em diversidade se fizesse através do exemplo concreto, permitindo o regresso de alguma democraticidade à vida quotidiana das escolas e ao seu modelo de gestão e de escolha das chefias. É estranho que se defenda o florescimento do espírito crítico em organizações que funcionam na base de um modelo único assente na hierarquia, nomeação e obediência.
A verdade é queesta teorização sobre “pedagogia diferenciada” se tem traduzido, ao nível dos planos de promoção do sucesso escolar, no estímulo à existência de turmas e grupos de nível, ou seja, de fenómenos de micro-segregação escolar contrários ao que é uma verdadeira diferenciação do trabalho pedagógico em sala de aula, assente num trabalho cooperativo (agora diz-se colaborativo) entre os alunos com diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, não os separando à moda antiga, que eu acreditava ser o modo errado de fazer estas coisas. Mas, por certo, serei eu a estar enganado e desactualizado em termos metodológicos.
Sol, 15 de Outubro de 2016… (e o Umbigo perseguir-me-á para sempre… 🙂 )
1º não gosto do Sol.
2º pareces uma cassete- irra, não arranjas argumentos novos?
3º Não concordo com nada do que dizes – porque fazes futurologia. Eu não creio que eles “matem” os atuais conteúdos programáticos …embora que alguns mereçam morrer. Mas vou deixar que a Ordem dos Biólogos ou a Associação dos Professores de biologia/geologia façam o trabalho.
4º Espírito critico – mas tu não achas que é possível dizer muito com pouco? Não sabes o que significa ser “sucinto e claro”? Nunca vais perceber um artigo cientifico (CE)…
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1º – Tanto se me faz.
2º – Onde leste outro artigo meu de opinião a dizer isto? Já agora, eu repito as coisas que bem entendo, até porque há quem tenha problemas de compreensão. Até porque argumentos novos só depois de perceber se entenderam os velhos. Pelos vistos, ainda não.
3º – És livre de discordar e de estares errada. É isso mesmo a liberdade 🙂
4º – Provando o ponto 2, demonstraas ainda não ter entendido nada do que vou escrevendo. O que eu digo é que não é possível alguém ter verdadeiro pensamento crítico sem ter primeiro tido acesso a informação que lhe permita comparar, analisar, sintetizar. Não escrevo que precisa de escrever muito para dizer muito. De onde se prova que por muito que escreva, há quem não perceba, não queira perceber ou as duas coisas ao mesmo tempo ou à vez.
E
5º – Compreendo artigos científicos e até compreendo que por vezes é melhor ficar calado do que responder a comentários ao lado do que é escrito… Por vezes, são dias seguidos a engolir em seco e a pensar que se escreve para nada mesmo, porque parece inútil… 😛
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1º Sigo atentamente as tuas opiniões e argumentos e em relação ao conceito de currículo mínimo discordamos- se não entendes paciência!
2º costumo “construir” e acrescentar quando concordo com alguma coisa – detesto o “subscrevo” : isso não é pensamento critico.
3º Os meus problemas de compreensão estão ao nível de falta de capacidade de síntese por parte do escrivente quando quer reduzir algo complexo a meia dúzia de formulações simplistas e pouco fundamentadas.
4º Colocando-me no teu lugar : podes por os alunos a fazer pensamento critico se os desafiares a comparar o liberalismo do sec xix com o atual conceito pafiano – basta levares uns jornais à maneira!
é um exemplo. Serve para demostrar que podes aproveitar um mês de matéria intensiva para tentar produzir pensamento critico.- nem a mim me parece difícil e olha que eu, de história, foi só até ano 9º ano….
so,
quanto menos conteúdo tiveres mais tempo te sobra para exercícios…
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Neta matéria, o ponto essencial a considerar – e do qual se devem tirar as devidas consequências – é este: o trabalho de natureza intelectual e pedagógica é da ordem da qualidade, não da quantidade. Aspecto tanto mais relevante quanto se fala de crianças e jovens em diferenciados estádios de desenvolvimento, cuja hierarquia e gradualização não raro é negligenciada.
Alguns dirão que isto mais não é que um truismo; todavia, seja na organização dos currículos, das grelhas horárias ou dos programas, essa (pseudo)evidência, por via de regra, é pura e simplesmente ignorada.
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Espero, sinceramente, que o futuro demonstre que estava errado.
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Maria C, aqui o “escrevente” percebe que baralhas muitas coisas e cais em contradições frequentes, talvez por achares que uns jornais à maneira substituem o estudo a sério das coisas…
É risível achares que existe um mês disponível para dar o liberalismo do século XIX no Ensino Básico, talvez por desconheceres programas e cargas lectivas. Acontece. Por isso é que eu raramente me meto em outras áreas disciplinares que desconheço em detalhe (excepção ao caso da Matemática, por causa da petiza cá em casa).
É um bocado estranho que quem escreveu num comentário “não achas que é possível dizer muito com pouco”, no outro afirme que “capacidade de síntese por parte do escrivente quando quer reduzir algo complexo a meia dúzia de formulações simplistas e pouco fundamentadas” porque se formos desmontar as duas afirmações elas contém uma coisa o seu oposto (em especial a segunda que não faz sentido e não é por causa da crítica que me é feita, mas sim porque a comentadora “escrevente” quer capacidade de síntese mas não formulações simplistas).
Quando à fundamentação ou não… quer-me parecer que não sou eu que comento tudo e mais alguma coisa apenas com base no achismo. De vez em quando, daria jeito perceberes que o que aqui é feito e por mim comentado tem um contexto e esse vem dos EUA no caso do “currículo essencial”:
http://www.corestandards.org/
Lá está… o pensamento crítico com base em pouca informação traduz-se, quantas vezes, em tempo perdido e pedradas ao lado.
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Não vou comentar o teu “argumento de autoridade”. Fica com a bicicleta.
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O meu argumento de autoridade é baseado em algo que apresentei, no concreto.
Afinal, espero um “artigo científico” para eu ler e não perceber. Isso, realmente, não foi um argumento de autoridade, foi apenas chamar-me estúpido.
Ora, eu não sou cristão e até sei escribir escrevente (wink, wink, nudge, nudge).
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A analisar quando tiver tempo.
(vai até à scientific american” e entretém-te…tenho de sair.)
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Sim, revistas de divulgação são sempre úteis… A Psychology Today é útil para entendermos as estratégias de fuga para o lado quando alguém perante o que desconhece (mas comenta), diz que vai ver se tem tempo (não seria melhor antes de comentar?).
E a Super Interessante e tal… também é muito (super) interessante.
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https://www.scientificamerican.com/
Já te escrevi que hoje tinha de sair. E esta revista não é de divulgação! é de publicação de artigos científicos (até os meus professores usaram artigos da dita nas minhas aulas)… com esses exemplos demostras ignorância. Não te fica bem.
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Poderia ter fotografado a pilha de revistas que cá tenho, compradas nos últimos 30 anos.
Com esse comentário sobre “exemplos” de ignorância fazes-me ganhar tempo. Sempre são comentários que deixarei de me sentir obrigado a ler.
Se o dono do estaminé é estúpido e ignorante, será boa ideia parar com o diálogo com comentadora tão inteligente e informada. Passa bem.
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Os insultos inteligentes são tão ofensivos quanto os básicos. é melhor parar. concordo.
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maria.c,
Chegar a casa dos outros, sentar-se comodamente e, ainda por cima, exigir tratamento deferencial, confesse que é, no mínimo, exorbitante. A suposta liberdade tem destas armadilhas, o que, convenhamos, nem todos têm o discernimento para as detectar. Resumindo: para se ser respeitado é necessário saber respeitar. liberdade, a existir, passa mesmo por aí.
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Paulo, o “Umbigo” é incontornável!
Já certos umbigos, deviam manter-se devidamente ocultados. Ferem-nos os sentidos…
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A maria c é um troglodita ortodoxa.
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Pensava que essa tal de maria c. só me irritava a mim, afinal não 🙂
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