Renascimento

Este ano vamos começar por aqui, porque ainda há aulas que dá um imenso prazer preparar e, já agora, executar e ver o olhar dos alunos a abrir para algo novo. Isso não se consegue com o rabo num gabinete, sendo uma pena que exista quem nunca tenha experimentado tal sensação. Ou que tenha perdido essa capacidade.

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Jan van Eyck, Os Arnolfini* (1434)

(ou… O Casamento dos Arnolfini, O Casal Arnolfini, Retrato dos Arnolfini, etc)

O Carisma de um Buraco Negro

A CGD sempre foi uma prateleira dourada para políticos em pousio se transformarem em administradores, executivos ou não, de escassas qualidades no sector bancário. Muitos foram-no apenas para serem facilitadores ou transmissores de agendas políticas e para subsidiarem negócios das redes clientelares. A pouco e pouco vai-se sabendo a desgraça de uma gestão política do banco público, embora dificilmente eu veja a possibilidade de alguém ser responsabilizado criminalmente por uma série de crimes financeiros praticados contra o interesse público. Porque quem os fez deixou daqueles rastos ténues que se percebem, mas raramente se aguentam em tribunal por causa de umas tecnicalidades que a seu tempo foram introduzidas no nosso “ordenamento jurídico” por forma a complicar a vida a quem quisesse ir atrás desta maralha (e de outras, não sejamos pouco generosos, porque muita gente andou por ali a encher muitos bolsos directa ou indirectamente). O caso das conexões espanholas do engenheiro e do sapateiro interessa-me, porém, menos do que o sublinhado a vermelho e que se explica em poucas palavras: o BCP não faliu porque a CGD serviu de almofada à custa da sua própria instabilidade e agora vamos ter de pagar para a sua recapitalização porque, há uns anos, era uma carga de trabalhos o BCP ir de pantanas logo em cima do BPN, revelando até que ponto a nossa classe de eméritos gestores privados é globalmente um fiasco total. O resto é conversa.

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Público, 2 de Novembro de 2016

O Ministro da Educação

Foi ontem à SIC explicar coisas como o facto de não ser obrigado a saber das licenciaturas alheias (é verdade, embora devesse ter quem tratasse disso) e de ter sido o ministério das Finanças a mudar as regras das comparações entre as verbas gastas/a gastar pelos ministérios. O triste mesmo não foram as explicações, já mais do que conhecidas por aí, incluindo nas “redes sociais”, mas o tom algo descuidado, o esforço mínimo por ir além da cartilha-guião para a situação, a ausência de um qualquer rasgo explicativo. O que me desanima e vai confirmando a ideia de que o ministro é apenas uma pretty face para a opinião pública (mesmo se já sorriu mais), um amplificador de spin fraquinho, apostando na mansidão das “esquerdas” perante o papão da Direita se-não-abanarem-a-cabeça-ao-que-fazemos, à apatia nas escolas e à crescente indiferença da opinião pública perante tudo isto. É muito pouco, é triste, é poucochinho. Por muito em crise que esteja, a Educação precisaria de mais ministro, mais empenho, mais qualquer coisa. Qualquer coisa.

METiago