Jesus

Não percebo bem a polémica em torno do uso criativo da língua portuguesa pelo Jorge Jesus ao longo dos anos. Parece que a última foi que o Sportengue não tem sido bocejado pela sorte. O que eu concordo, a tantos níveis, com o conteúdo concreto e simbólico desta afirmação que, numa perspectiva pós-moderna, contém toda uma mundividência do futebol (inter)nacional, em geral, e do meu clube, em particular!

Por outro lado, num ano em que o Dylan ganhou o Nobel da Literatura sem que eu tenha percebido mais do que metade do que ele canta, mesmo com recurso a legendas, acho que as críticas são resultado de uma incompreensão estranha em gente que, como eu, se calhar até endeusa os neologismos do genial Mia Couto.

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Tédio

Ouvir anos a fio, década após década, a retórica do aprender-a-brincar, como se fosse coisa nova, nunca vista, raramente praticada. Já sabemos, até praticamos sempre que nos dão essa possibilidade, mesmo quando cronometrada ao minuto e monitorizada online. Porque há uma linha muito fina entre a inovação acarinhada pelos que sabem o que é e a transgressão dos normativos, com a sua parafernália de chatices.

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Coadjuvação

É uma medida que defendo há muito tempo, não necessariamente por razões directamente pedagógicas, mas mais como estratégia bastante eficaz de controlo da indisciplina e, por essa via, de melhoria do ambiente em sala de aula e consequentemente das condições de ensino e de aprendizagem. Em conversa matinal com um colega chegávamos a essa mesma conclusão. O problema com muitas turmas – em especial as mais extensas – é que parte do tempo do professor se perde em interrupções, reparos, reprimendas, chamadas de atenção, que quebram o ritmo de uma exposição e perturbam a capacidade de concentração dos alunos interessados. Com dois professores em aula, mais do que andar a dividir o trabalho em grupos de nível, é possível um desdobramento de funções que beneficia e muito os alunos se não for compreendido como uma menorização de ninguém, mas como uma estratégia extremamente útil de trabalho. Discordo das inseguranças que consideram que mais um professor na sala para controlar a indisciplina é uma desautorização do professor “titular” ou, simetricamente, que direccionar o papel de um professor a funções não exclusivamente pedagógicas é uma menorização da sua importância. A verdade é que em turmas com 25-30 alunos, bastam dois ou três focos de perturbação para se perder muito do tempo útil de uma aula. Havendo coordenação e compreensão dos professores em presença, os alunos que querem aprender (e mesmo os outros, os que buscam com tenacidade o insucesso) são os principais beneficiários.

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