Coadjuvação

É uma medida que defendo há muito tempo, não necessariamente por razões directamente pedagógicas, mas mais como estratégia bastante eficaz de controlo da indisciplina e, por essa via, de melhoria do ambiente em sala de aula e consequentemente das condições de ensino e de aprendizagem. Em conversa matinal com um colega chegávamos a essa mesma conclusão. O problema com muitas turmas – em especial as mais extensas – é que parte do tempo do professor se perde em interrupções, reparos, reprimendas, chamadas de atenção, que quebram o ritmo de uma exposição e perturbam a capacidade de concentração dos alunos interessados. Com dois professores em aula, mais do que andar a dividir o trabalho em grupos de nível, é possível um desdobramento de funções que beneficia e muito os alunos se não for compreendido como uma menorização de ninguém, mas como uma estratégia extremamente útil de trabalho. Discordo das inseguranças que consideram que mais um professor na sala para controlar a indisciplina é uma desautorização do professor “titular” ou, simetricamente, que direccionar o papel de um professor a funções não exclusivamente pedagógicas é uma menorização da sua importância. A verdade é que em turmas com 25-30 alunos, bastam dois ou três focos de perturbação para se perder muito do tempo útil de uma aula. Havendo coordenação e compreensão dos professores em presença, os alunos que querem aprender (e mesmo os outros, os que buscam com tenacidade o insucesso) são os principais beneficiários.

calvinyhobbes-leer-ingls

8 opiniões sobre “Coadjuvação

  1. Já fiz coadjuvação nos moldes referidos. Nem eu me senti a mais nem o professor titular manifestou sentir- se menorizado e nem sequer os alunos foco da desestabilização da turma manifestaram qualquer comportamento que indiciasse “desconfiança” no professor. Foram experiências enriquecedoras. O comportamento melhorou e o aproveitamento global tb pq vendo reduzida a margem de desestabilização e podendo ser frequentemente solicitados acabavam por se integrar mas actividades. É a possibilidade de interacção frequente que capta os menos interessados.

    Gostar

  2. Já fiz coadjuvação e também já estive coadjuvante em sala de aula. Sempre houve um tratamento igualitário (somos 2 professores). Apesar de haver planeamento conjunto, de os dois professores funcionarem bem e de outras vantagens, são sempre dois professores numa sala quando o “normal” é ser um. Penso que é mais correto exigir menos alunos em sala de aula, e só raramente e até com esses menos alunos ter coadjuvação (por motivos de comportamento ou de dificuldades para aprenderem).

    Gostar

  3. Eu Questiono. Em tempos de pandemia, com as salas cheias de alunos com uma distância entre eles que não chega a um metro, acham correto colocar mais uma pessoa (coadjuvante), que nem sequer é professor da disciplina, na sala de aula, para apoiar um aluno com dificuldades de aprendizagem ? O professor coadjuvante para cumprir o distanciamento , como é que faz para ajudar o aluno? É por gestos ?
    Alguém que me responda, porque isto faz-me muita confusão. Ainda por cima num agrupamento com 3 escolas básicas 2º/3º ciclos, só se faz este tipo de coadjuvação numa, por proposta do coordenador desta.

    Gostar

    1. Para mim, que já o fiz, defendo as coadjuvações em aulas práticas, pois a proximidade estimula a interação e com as turmas que temos um professor para tantos alunos, e penso no caso da física laboratorial, por exemplo, o complemento de um coadjuvante é realmente útil. Se bem que seria de bom tom perguntar a professores dinamizadores e coadjuvantes com quem preferem trabalhar. Para facilitar a imbricação e que ninguém sinta as suas fronteiras ultrapassadas

      Gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.