Li, meio distraído, num daqueles rodapés que passam nos canais noticiosos pela manhãzinha que há quem esteja interessado em que o ministro da Educação se demita. Discordo, como já discordei em outras situações bem mais friccionantes. Mesmo nos tempos de Maria de Lurdes Rodrigues, achei que quem faz alguma coisa em que acredita – mesmo que seja uma tremenda [pi-pi-pi] – deve ficar até ao fim e assumir a obra. Mesmo se acho que ele é apenas uma montraria do ME, acho que Tiago Brandão Rodrigues não deve demitir-se ou ser demitido. Sabendo ou não da licenciatura do outro tipo. Mesmo que tivesse sabido, isto não é o watergate, é uma tretazita do costume que já faz parte do cenário de uma classe política medíocre que recruta chefes de gabinete entre quem lhes andou a fazer fretes às claras ou escuras em jotas, blogues ou outras coisas. Há coisa muito pior e sabemo-lo. Eu sei lá se todos os meus próprios colegas de curso terminaram todas as cadeiras da licenciatura? Eu nem sequer vi pautas com classificações do mestrado onde andei e consta-me que existe quem tenha, em seu tempo, apresentado notas no seu currículo que nunca foram vagamente oficiais, mas o certificado demorava anos a fazer e quando esteve feito, já as pessoas estavam nos lugares e tinham apagado essas referências mais espúrias. A coisa é assim, infelizmente. Sim, é grave, mas não é motivo para demissões e o ministro depois de uns anos fora, porventura, nem saberá bem do que se anda a falar.
Se ele deveria ter sido ministro em primeiro lugar? Não, claro que não e há quem saiba – amiga e vizinha comum – que eu disse cedo que o ministro deveria ser o actual secretário de Estado João Costa, pessoa com conhecimentos na área e articulada no discurso, que quase me consegue convencer daquilo de que discordo fortemente. E que só não seria ministro se não quisesse. Algo que mantenho; acho que foi João Costa que se quis resguardar e fez muito bem. Com o andar da carruagem, percebi entretanto que em matéria de eminências pardas na área da Educação há dois aparachicos que deveriam ser secretários de Estado: José Verdasca, sempre fiel a Sócrates e MLR que não deveria, qual Capucha deste mandato, ser apenas um “alto quadro” sem grande visibilidade pública, e Porfírio Silva, a formiga operacional para todas as intervenções locais e regionais para reforço da fé dos militantes, agora já mais definido no seu pensamento do que nos tempos em que comentava no Umbigo, indeciso entre a fidelidade partidária e o bulldozer rodriguista. João Costa, José Verdasca, Porfírio Silva, a equipa ministerial que deveria ser mas não é porque em política pequena nem sempre o que é parece e nem sempre é quem o merece. Bem (um) ou mal (outros).

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