Os mais descrentes na capacidade de auto-avaliação dos professores são dos que mais dizem acreditar nas imensas potencialidades de tal metodologia quando aplicada por miudagem com um punhado, ou menos, de anos de escolaridade. É a crença na bondade natural das crianças por oposição à desonestidade natural dos docentes.
De se ir ficando mais velho na profissão é aprender que, pelo meio de tanta confusão, vamos confirmando uma variante do darwinismo acerca da evolução e da sobrevivência dos que lá se vão adaptando (neste caso, a cada nova asneira legislativa ou processual), se possível com o distanciamento necessário para os estilhaços não nos atingirem de forma incapacitante a médio prazo. Já assisti a tanto disparate em matéria de Educação que cada vez mais relativizo as certezas absolutas dos outros. Até as minhas…
Nos últimos dias, pessoas amigas sublinharam-me o quanto eu por vezes sou considerado algo ríspido – rude? bruto? – em algumas observações que, curiosamente, muito poucas vezes não correspondem ao assinalar de factos bem evidentes, mesmo que desconfortáveis para alguns ouvintes.
Discordo. Eu até gosto de vídeos giros com gatinhos cumós que há no feice…
Há quem mantenha a fleuma, mas há quem, apesar de tanto verberar a avaliação que só serve para classificar-ordenar-formatar, sue as estopinhas a preencher toda e mais alguma célula de excel para fundamentar as notinhas de final de período. A mim, mais do que da transpiração, chega-me sempre o inconfundível aroma da insegurança.
Embora em alguns casos seja feitio, esta é uma das heranças mais nefastas da aliança entre o eduquês pró-sucesso a todo o custo e a métrica do pseudo-rigor só alcançável pela grelha que privilegia o registo que representa o acto em vez de se preocupar com o acto (educativo) em si.
E olhem que eu este ano até fiz grelhas, não apenas preencher as dos mestres de culinária, fi-las mesmo com ponderações e critérios e fórmulas e cores (poucas, suaves, verde, claro, para as notas melhores) e essas coisas todas. Mas sempre com um sorriso nos lábios e nunca antes de saber o resultado final, porque isto de prognósticos só quando o peseiro é treinador.
O Meu Quintal 