De declarações de paixão imensa temos os ouvidos cheios. E nem falo do facto de nestas declarações surgir sempre a ressalva (mais ou menos explícita) de que a Educação e as escolas não se devem confundir com os professores. Até actos concretos (e não falo de bce’s que nem sabemos bem no que acabará ou em paques que já tinham o destino marcado), que não sejam apenas pré-eleitorais, por aqui desconfia-se. Gajo congelado, de conversa fiada tem medo.
Para está época, não por causa do Natal, mas pela pausa na insanidade quotidiana de quem anda pelas escolas a tentar dar sentido diário ao emaranhado normativo do nosso sistema de ensino e pelo contexto actual da política americana. Os retratos da loucura individual e colectiva de Jon Ronson deixam-nos naquela incómoda situação de queremos muito que aquilo que estamos a ler seja ficção.
2016 tem sido um ano terrível para o que podemos chamar cultura popular ou apenas cultura pop, em especial em termos musicais. Eu sei que os adoradores de Leonard Cohen e muitos dos mais fiéis seguidores de Bowie dificilmente reconhecerão a George Michael um lugar no mesmo campeonato. Talvez os de Prince lhe reservem um espacito maior. No meu caso, não tenho qualquer vergonha em admitir o que nunca foi verdadeiramente um prazer culpado, pois desde o Club Tropicana que ele me divertiu. Assim como tenho os seus três primeiros singles a solo para o comprovar (o primeiro LP, Faith, espero que ainda esteja na arrecadação de uma figura semi-pública nas nossas letras, então adolescente e namorada de um colega de Faculdade que nunca se lembrou de proceder à sua devolução após audição).
As carreiras não são comparáveis? Ou o grau de inovação? O George Michael há mais de 15 anos que não produzia nada de relevante (ou mesmo nada)? Aceito. Assim como tenho muito mais álbuns em vinil ou cd do prince do que tudo o que o GM produziu. Mas quando se começa a estratificar exageradamente a cultura pop, estamos a destruir-lhe a essência, aquilo que a distinguiu do pretensiosismo do que a antecedeu. Também Gershwin, Porter ou Sinatra foram , em seu tempo, pop, e encarados como baixa cultura.
O Meu Quintal 