Mário Soares

Só votei nele uma vez, na segunda volta, em 1986, quando muita gente que agora é de Direita andava de ZAP ao peito e quem mandava Prá Frente Portugal agora é soarista. Por isso, dão-me um certo desarranjo gástrico-intestinal as declarações de amor ou ódio perpétuos que vou lendo por aí acerca do que parece inevitável, pois ninguém é imortal em corpo. Nem Mário Soares construiu a democracia portuguesa sozinho (tinha as costas bem quentes, se tinha…), nem foi o traidor que muitos pseudo-democratas de 26 de Abril declaram (se tivessem vergonha, ficavam na toca de onde o próprio Soares os fez sair). Quando desaparecer, perde-se um dos fundadores do regime que temos, alguém marcante na nossa vida política desde os anos 60 do século XX, sob cuja asa muito oportunista se acoitou e contra quem muito ser desprezível se insurgiu. Ele ziguezagueou como poucos, pois é da natureza do político profissional. O resto é fogo de artifício.

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O Regresso

Agora que estamos quase de volta para novo período lectivo, nada como relembrar três das regras (porque há outras igualmente essenciais) que acho essenciais para qualquer docente que leve minimamente a sério a sua profissão, mesmo na ausência de um qualquer código deontológico.

  • Nunca solicitar e avaliar tarefas ou exercícios aos alunos que não se saibam resolver, muito menos avaliá-las com ar de rigor. Porque uma coisa é sabermos identificar algo bem feito (por exemplo, eu sei que a Capela Sistina está muito bem pintada, mesmo se eu sou péssimo de trincha na mão), outra coisa pretender que a sabemos ensinar ou avaliar com propriedade.
  • Nunca usar a avaliação dos alunos para fazer seja que acertos de contas for, seja com quem for, muito menos usar os avaliados como interposta vítima para chegar mais além. Porque, em primeira e última instância, para além de mau carácter revela cobardia.
  • Desempenhar a profissão com a dignidade que gostaríamos de encontrar no exercício de qualquer outra profissão a que tenhamos de recorrer e cujo desempenho nos sintamos no direito de pretender exemplar. Ou seja, não fazei aos outros o que não gostais que nos façam. Ou aos vossos.

Não há necessidade de tornar as coisas piores do que são, não dando o exemplo necessário para ter alguma autoridade moral no meio de toda esta insanidade. E não vale a pena alegar que, para nós, o exemplo não vem de cima. Há muito que é assim. Não desçamos ao patamar dos medíocres que vemos passar em procissão pelos cadeirões do costume.

jesus

Ainda os Concursos para 2017

Há uma evidente contradição entre o grupo de recrutamento em que o Estado vai precisar necessariamente (quer-se dizer… nunca se sabe…) de alargar os quadros (pré-escolar) e aqueles em que há gente com maior tempo de serviço acumulado (ver os cálculos do Arlindo aqui, mas também aqui). Resta saber como tudo isto vai ser implementado, porque as regras gerais são uma coisa gira de negociar, mas muito mais importante é perceber como serão aplicadas no concreto, grupo a grupo, qzp a qzp, escola e agrupamento a escola e agrupamento.

If you know what I mean…

Repito que isto não é uma teoria da conspiração, apenas uma dúvida sobre a forma como se vinculam de forma extraordinária uns e se deixam outros na fileira dos ordinários, salvo seja.

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