Morte por Indiferença

É curioso ler notícias sobre o facto de irmos receber “menos” porque passamos a receber mensalmente apenas 50% do duodécimo do subsídio de Natal. Parece que já seria normal recebermos o tal duodécimo por inteiro para encobrir o corte salarial efectivo (mesmo sem sobretaxa o aumento da carga fiscal há muito que reduziu o nosso salário) e esquecermos o congelamento da carreira, decretado por Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues, renovado por Passos Coelho/Crato e mantido por Costa/Tiago Rodrigues, para quem ande distraído.

A estratégia da indiferença perante os factos concretos, transformando em normalidade o que era explicitamente afirmado como excepção vai-se cristalizando ao ponto de quase nos esquecermos que em tempos já existiu uma carreira onde agora há um frígido parque de estacionamento.

Porque nem tudo pode ser espírito de missionário (com ou sem segundas intenções, desde que este missionário seja o passivo da relação), deixo aqui o pedido de ajuda do nosso colega Mário Silva, até porque – dizem- voltaram tempos de excelência eu gostaria de pensar que a Educação da petizada é tão importante como a caixa onde empregaram cardonas&varas a mando dos mesmos que agora se encrespam em torno dos dois lados da sem vergonhice.

Solicita-se desesperadamente a quem possa ajudar abnegadamente na seguinte situação (ou similares):
Que motivação psicológica existe para os professores que começaram a carreira no 3º escalão e vinte e tal anos de serviço depois estão colocados no 4º escalão, que evite que ‘mandem tudo às malvas’ e se ‘baldem’ completamente para o trabalho?
facedown

Apesar de

Sou professor de História apesar de a professora de História que me leccionou mais anos (do 7º ao 9º) me ter feito a vida negra, sem eu nunca perceber exactamente porquê. Ainda hoje me interrogo se era porque eu gostava de jogar à bola e nem sempre estava, mansinho, à espera dela. Nesses 3 anos, salvo erro, tive apenas nível 5 no 3º período do 9º ano e, constou-me na altura, porque o resto dos professores da turma a pressionaram para isso. Devo-lhe uma das minhas duas únicas faltas disciplinares (9º ano), a anulação de um teste por ter ajudado colegas a preparar-se para o dito (no 8º) e a única negativa ao longo da minha vida escolar (também no 8º, teste que guardei e ainda gosto de revisitar como vacina contra a mesquinhez), para além de diversas outras tropelias que, hoje, como professor, acho meras pequenas vinganças sem sentido. Acho que me lembro do nome, mas escrevê-lo aqui seria um desperdício de caracteres.

Fui para o curso de História como 1ª opção, apesar dela. Sou professor de História apesar dela. Tento que os meus alunos gostem de História, apesar dela. Mas não fiz nada disso por causa dela. Seria dar-lhe uma importância que a pequenez humana não justifica.

Acho que a coisa mais infeliz de um professor é não querer, sequer, despertar ou manter o interesse dos seus alunos na sua disciplina. Mais do que desistir de ensinar, provocar o repúdio pelas suas aulas e atitudes. Fazer alguém desgostar do que gosta.

Não escrevo isto apenas como professor e  encarregado de educação. Mas também. Porque a tal pequenez humana é uma infeliz permanência.

PG Verde

O Formato do Sexo

A questão da educação sexual nas escolas aborrece-me pela inconsequência de que se reveste há muito. No entanto, aprecio bastante o discurso que em seu redor se levanta sempre que o assunto volta à agenda mediática.  Em especial quando dominado por especialistas, esse discurso assume formas como esta:

Numa relação interpessoal e intercomunicativa, o processo educativo deverá contribuir para o desenvolvimento harmonioso de cada pessoa, na sua pluridimensionalidade, e para o exercício de uma cidadania crítica e participativa no sentido da construção de uma cultura e de uma sociedade cada vez mais humanas.

(…)

Assim, se esta imposição (pois é disso que se trata) do Ministério da Educação viesse a ser implementada, seria a manifestação evidente do Estado como “um aparelho de dominação”, desrespeitando não apenas os alunos e as suas famílias, mas também os demais cidadãos a quem tem a obrigação de servir, no cumprimento das normas de um autêntico Estado de Direito.

Mesmo sem se ler o currículo da escrevente, quase se consegue reconstituir a geração, formatação, desculpem, formação intelectual e posição assumida no tema. Em regra a de dominada pelo missionário e vazia de intercomunicabilidade significativa ao tacto.

Sorry.

Não deu para resistir à tentação, incluindo a copulativa envolvida.

Kama