José Eduardo Lemos faz no Público uma defesa do papel, importância e democraticidade do processo de escolha dos directores. Permito-me algumas discordâncias de monta: não concordo que “não existe nenhum outro dirigente de um serviço da administração pública que seja escolhido de forma tão democrática e participada, através de eleição, pelos utentes internos e externos desse serviço, como é o diretor de uma escola“, assim como discordo que “na história recente da democracia portuguesa, dificilmente encontraremos momentos em que tivesse havido mais democracia nas escolas do que aquela que há atualmente.”. Há quem não seja escolhido numa variante de colégio eleitoral.
Não sou subscritor do manifesto criticado e partilho de algumas reservas sobre alguns dos seus signatários, bem como do atraso da sua tomada de consciência do problema, mas o que está em causa é que o modelo unipessoal deixe de ser a única possibilidade, aliado a uma mudança na forma de escolha das lideranças intermédias, o que o JALemos parece, felizmente, admitir, pelo menos em parte quando escreve que não coloca “em causa a possibilidade de outras configurações do universo eleitoral, também elas democráticas“.
O problema mesmo é achar que “não restam dúvidas de que a eleição do diretor – assim como as várias eleições que se fazem no seio da comunidade escolar – reforça a democracia e a cultura democrática das Escolas”.
Restam dúvidas, sim, restam muitas dúvidas.

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