Eu ainda sou do tempo em que ser tutor de um aluno não era ocupação minutada pelo ministério, servida em lotes, para que a poupança seja o critério essencial na simulação de uma função que deveria merecer mais respeito e menos preocupação com o alegado desperdício de recursos medido a regra, esquadro e compasso rombo.
Eu sei que sou antigo, ainda me lembro dos tempos em que as escolas eram aqueles cadinhos de cultura de retenção, em que os professores se rebolavam de gozo por chumbar alunos, fazendo tatuagens por cada um deitado abaixo, e em que subvertiam a eficácia com eleições abertas para os ocupantes dos cargos de chefia e até ousavam essas descoordenadas lideranças colegiais que tanto escapavam à trela tutelar.
Mas também sou do tempo em que um tutor não ficava à espera do aluno que dele precisava, indo em sua busca para o orientar. Em que não se esperava que o aluno não cumpridor cumprisse a obrigação de ir ter com quem deveria torná-lo cumpridor. Em que a prática de uma tutoria se aproximava do seu conceito original, pouco compatível com grelhas de horas marcadas de cálculos de custos per capita do sucesso. Em que não se simulava o sucesso com estratégia no papel.
Sim, claro, compreendo. Os modelos não são maus em si, podemos fazer maravilhas com um sistema de masmorras e grilhetas se tivermos imaginação. Claro que são as pessoas que as amarram a quem lhes desagrada ou a si mesmas, de forma a desculparem-se pelo imobilismo. E é bem verdade que há quem fogueteie por dentro quando o galfarro não aparece e se pode trocar a perna, consultar os social media em busca dos instagrams do momento e dos trending tuítes, quiçá mesmo dar um pulito lá fora e puxar umas fumaças, aspirando o calor e aroma de uma bica em chávena escaldada e pouco abatanada.
Mas nunca nos devemos medir pela mediocridade, por muita que seja a tentação e nos custe o desalinhamento, porventura a leitura desagradada da prosa.