Padaria Portuguesa

Estabelecimento a fechar por todo o país, por ser anacrónica e pouco modernaça, a menos que seja explorada por uma figura bem relacionada na imprensa da capital, com espaço reservado todos os meses num suplemento de jornal, criadagem a trabalhar em regime de quase servidão e brioches a preços de maria antoinette, de maneira à pessoa sentir-se muito diferenciada. Sendo assim, até um qualquer pacóvio aparece na televisão a desenvolver verbo sobre economia e gestão empresarial liberal.

(sim, há ali uma PP em Carnaxide, do outro lado da rotunda da SIC…)

mafra

Desanimado?

Há uns dias perguntavam-me se era esse o meu estado de alma, atendendo ao tom dos meus escritos. Respondi que não, que é mais desalento por ver retornar em força muito do que há 15 anos criticávamos como excessivo naquele delicodoce eduquês do sucesso a qualquer custo, das pedagogias palavrosas e cheias de estratégias diferenciadas que culminavam em grelhas de observação, registo e representação dos actos, das transversalidades curriculares esvaziadas de conteúdo e destinadas apenas a parecer que. Claro que há quem fosse adepto convicto dessa pedagogia que já foi moderna há muito tempo. Mas havia muita gente que criticava com convicção aquele estado de coisas pastoso e que, agora, depois de uma dúzia de anos em que a MLR e o Crato nos fizeram a folha e outros só serviram para parecer que não, já parece tomar por bom o que antes era mau, apenas porque já houve o muito mau. Não chega, até porque quase nada reverteu verdadeiramente do muito mau para quem já teve uma carreira e agora não tem. O resto? No fundo alguns floreados que caem pela base quando os interesses verdadeiros se levantam e a geringonça educacional não passa de um meio manso de domesticação.

Nada como levar com uma bigorna em cima para parecer que marteladas nos dedos são coisa boa.

PG Verde