Uma das principais estrategas de Trump inventou um massacre para justificar as suas posições. Não me espanta a invenção de factos destinados a justificar acções e provocar reacções. O nosso actual presidente já o fazia com a designação de “factos políticos” há 35 anos e fez escola: é raro o analista ou comentador político comprometido com uma agenda política que não apareça a inventar factóides e estatísticas a gosto. Mas mesmo para quem tem pouca memória existem agora os motores de busca e as coisas descobrem-se com facilidade, apesar da proliferação de fake news. O escrutínio destas palhaçadas por uma imprensa forte e íntegra é essencial.
O problema é quando a própria comunicação social é um veículo para as truncagens, distorções e puras ficções, porque para sobreviver é preciso alugar parte do espaço ao demo ou fazer parcerias com os seus enviados. Quantas vezes quem domina um bocadinho de um assunto percebe que dada notícia, certo indicador que é destacado, determinada conclusão de um “estudo” não passa de pura invenção multiplicada de forma quase sem controle – muito menos da veracidade dos factos – como uma qualquer crónica do émeéssetê ou uma prédica do m&m? Quantas vezes se gasta dinheiro a fazer a cobertura do temporal que não há, enquanto se abdica de investigar a sério o que é afirmado pelos políticos e pelos seus gabinetes de comunicação, de e para onde transitam sem especial período de nojo profissionais da informação?
Como se interrogava Nuno Garoupa há uns dias, alguma vez saberemos exactamente quem, neste mundo da informação e da política, teve a oportunidade de um crédito a gosto com spread zero para a sua casa de sonhos?