Política ou não só.
A verdade é que as sucessivas equipas ministeriais nos últimos 25 anos, mas com especial ímpeto nos últimos 15, têm tentado erradicar o insucesso escolar de todas as formas possíveis, com destaque para os entraves administrativos e burrocráticos à retenção, mas nunca ousaram – por saberem ser politicamente complicado e difícil de fazer ingerir à opinião pública apesar de um quarto de século de intoxicação demagógica – avançar para a transição automática dos alunos.
Em vez disso, preferem lamentar os níveis de insucesso comparativamente aos europeus (mas esquecem-se sempre de apresentar outras comparações, como a do ritmo de alfabetização da população ou a do nível académico das famílias), apresentam-se custos e apontar o dedo aos principais responsáveis pelo insucesso que, claro está, são os professores que chumbam os alunos. À direita lamenta-se o custo da coisa, à esquerda acusam-se as práticas discriminatórias e selectivas dos docentes. Quando o sucesso surge, claro, reclamam todos a responsabilidade pela proeza, dando a entender que foram eles a meter na ordem as escolas e os professores.
Quando aparecem a promover o sucesso com medidas entre o avulso, o arbitrário e o novo solavanco, claro que enfatizam a necessidade de “formar” os professores, “renovar” as práticas, “diferenciar” as metodologias, “rejuvenescer” o corpo docente. Mas lemos o nome das criaturas que aparecem a espalhar o Novo Verbo do Sucesso e damos com gente que anda nisto quase desde os tempos da colher de Salazar, excepto quase são os seus dilectos discípulos. E um tipo pensa… ou são muito incompetentes nesta sua missão de converter os professores (e note-se que são várias gerações deles, algumas delas “formadas” exactamente pelas sumidades omnipresentes) ou então há qualquer coisa que não bate certo e o maior problema talvez seja mesmo esta gente que não nos sai de cima.
Assumam de uma vez as vossas convicções até às últimas consequências, agora que (ao que consta) até já falta pouco… e deixem-se de véus e truques e cargas de papeladas e relatórios que nos fazem ruminar e regurgitar a cada semana, mês, período e ano, quando não é mesmo grelha ao dia.
Decretem a obrigatoriedade do sucesso e o fim do abandono por despacho (a começar pelo Básico, mas a estender até ao 12º) e deixem de se esconder atrás dos outros.

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