Mais Vale Tarde

O trabalho jornalístico feito por Pedro Coelho da SIC sobre os oleodutos financeiros em torno do grupo Espírito Santo, ramificações angolanas e do Dubai, assim como a total inconsequência do Banco de Portugal em tudo isto. Ainda não é tudo (não se avança nada sobre questões como as cumplicidades internas ao nível da classe política e da comunicação social com o grupo), mas é melhor do que nada e a cronologia permite-nos, pelo menos, ter um vislumbre de tudo o que não foi feito ou que, pelo contrário, se fez para endeusar gente sem escrúpulos Alguns dos quais andam por aí nas calmas a dar lições de finanças com lugar reservado no programa do Gomes Ferreira.

O Espartilho Orçamental

Pois. Existe, mas só para uma das maminhas. A dos implantes de silicone para a banca está sempre a crescer como nas meninas do velho Baywatch. Do lado da Educação ou Saúde é que é sempre a fazer reduções, por causa do peso, da (grav)idade da situação.

O Ovo e a Galinha Poedeira

Dizem-me que as competências são mais importantes do que os conhecimentos, porque são elas que “mobilizam” os ditos conhecimentos para que algo se faça. E eu concordo. O que me baralha é quando dão a entender que não é necessário que as crianças tenham muitos conhecimentos na cabeça. Porque fico sem perceber como se mobiliza o que não há ou como se é competente no que se desconhece.

Competência anterior aos conhecimentos é uma espécie de deus ex machina. A menos que seja a competência para ir em busca dos conhecimentos (que eu gostaria que fossem mais do que estritamente “essenciais”), por forma a permitir que as competências sejam mais do que básicas.

Ruído

Designação dada às opiniões divergentes dadas publicamente sobre assuntos de interesse público por alguém que discorda do guião de um debate de que se desconhecem muitos dados e que não se enquadra nos moldes tidos por adequados pelos poderes estabelecidos.

Em Educação, o lamento pelo “ruído” foi expresso de forma clara há quase 8 anos por alguém que veio a ser secretário de Estado (Alexandre Ventura) a e referia-se ao facto de, por essa altura (2008-09), muita gente em blogues e fora dos carreiros institucionais ter tido a ousadia de entrar numa discussão que se queria domesticada sobre as políticas educativas da governação socrática, perturbando o que se queria ser uma terraplanagem suave.

Não sei porquê, sinto o mesmo aroma no ar, mesmo se em versão português suave.

Mas nada a recear, porque vozes de asno não chegam aos céus decisórios.