Confirmando o que ouvi a partir de outros pontos do país, o António Duarte dá conta da forma como o SE João Costa andou pelo Fundão (notícia aqui) a espalhar a palavra dos iluminados sobre o ensino profissional, culpando os professores por todos os insucessos e anatemizando quem não vê a Luz radiosa do ser Verbo. É assim há cerca de 15 anos, mais ou menos interlúdios que nem dão para respirar.
João Costa em Março de 2017:
“Portugal ainda não meteu na cabeça que o 12.º ano do curso de pastelaria é tão válido e tão digno como o 12.º ano do curso de línguas e humanidades. Portugal tem de meter isto na cabeça e quem tem de começar a meter isto na cabeça, em primeiro lugar, são as escolas”, afirmou.
Nuno Crato (Agosto de 2012):
O Governo pretende que cerca de 50 por cento dos jovens inscritos no ensino obrigatório, ou seja no 10.º ano de escolaridade, optem pelo ensino profissional “ainda este ano”.
“Os nossos planos são chegar a 50 por cento ainda este ano, do ensino secundário”, declarou o ministro da Educação e Ensino Superior, Nuno Crato, no final de uma reunião com os parceiros sociais. “O nosso objectivo é que os jovens escolham as suas carreiras, mas pensamos que chegar aos 50 por cento na parte da escolaridade obrigatória no ensino profissional é um objectivo que faz sentido para o país.”
Nuno Crato em Dezembro de 2012:
«É uma calamidade completamente absurda, quando encontramos empresas que dizem que precisam de trabalhadores especializados e que não os encontram e, ao mesmo tempo, temos jovens que não conseguem encontrar emprego. É nossa responsabilidade conjunta, de professores, ministério e empresas, fornecer vias que permitam aos jovens terem saídas profissionais», acrescentou Nuno Crato.
O ministro lamentou que exista um «preconceito intelectual, entre algumas pessoas», que, garante, «tem de acabar» dado que «todas as profissões são dignas».
Valter Lemos (Maio de 2008):
O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, reafirmou esta quinta-feira, em Penafiel, que no próximo ano lectivo cerca de 50 por cento dos alunos do ensino secundário em Portugal frequentarão cursos profissionais.
«Estamos a trabalhar para que os alunos possam sair das escolas para o mundo do trabalho levando consigo uma qualificação».
Afinal, a meta dos 50% para o ensino profissional não era exclusivo da escola a duas velocidades de Nuno Crato. É um desígnio transversal que, por agora, nem as esquerdas radicais percebem ser uma mistificação quando é tratado pela via da quantidade e justificado com argumentos de bacoca autoridade moral.
Um ensino profissional com qualidade reconhecida não precisa de arautos.

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