O alegado “debate” em relação à “profunda” reforma curricular que se diz ir acontecer para o ano ou outro, continua a ziguezaguear de acordo com a necessidade do ME, leia-se SE João Costa, encontrar apoios para as suas ideias no périplo que anda a fazer pelo país. Ao que parece, aquilo que vai dizendo aqui e ali é tudo hipotético, como já escrevi uma espécie de atirar barro à parede, a ver o que cola, quem apoia o quê e evitar o que pode levantar mais ondas e reduzir a base de suporte para o regresso ao futuro.
Por acaso (!), acho que o assunto é demasiado sério e importante para ser tratado desta forma, em reuniões onde se dizem coisas que depois se desdizem para o público dos jornais, em confidências que se destinam a medir a profundidade da água e e em exercícios de pesca à linha de apoios para as medidas que se diz servirem para “emagrecer o currículo”. As minhas fontes (sempre infidedignas, como sabeis) contam-me como, de forma rápida, hábil e convincente, são traçados cenários em tais reuniões e sessões acerca de tudo e mais alguma coisa, desde a possibilidade de se reduzirem horas nesta ou aquela disciplina à forma como podem passar a ser dadas aulas em determinadas condições (o caso da semestralização das disciplinas enteadas).
Os relatos que tenho recebido são coincidentes na estratégia apresentada, nas possibilidades em aberto e, se eu sei parte do que foi dito/confidenciado/explicado e sou um zeco de subúrbio, claro que jornalistas com bastante experiência e fontes melhores do que as minhas também terão sabido do que se falou por aí. Se isso foi feito para surgirem notícias destinadas a avaliar o sentido e força dos ventos e em seguida se desdizer o dito, afirmando-se que nunca tal coisa foi ponderada quando há celeuma no ar, só posso considerar que é uma táctica lamentável pela sua falta de imaginação (o regresso ao passado não é apenas nas ideias pedagógicas) na forma de produzir spin em torno de um tema que exigiria maior seriedade e menos irritação quando há ruído diferente do desejado.
Até agora, discordava de várias das ideias que pareciam transparecer das declarações “oficiais” do ME/SE acerca deste assunto. Agora, ao avolumarem-se sinais de desorientação e de corrida para a frente, lados, cima e baixo, procurando recrutar apoios nas associações amigas, deixei de ter a mínima confiança neste processo de “diálogo” que volta aos tempos guterristas de prometer queijos limianos em troca de tropas, trocando a mobilização dos professores a quem se continua a negar qualquer compensação por uma década de cortes e de degradação das suas condições materiais de trabalho pela sedução de “âncoras” destinadas a ampliar a mensagem e/ou combaterem as resistências.
O que eu acho espantoso é que se fale em trabalho concluído “da parte dos professores”, quando se trata apenas de alguns, fidelíssimos, excluindo-se toda a gente que discorda. Apesar da estima que tenho pela Lurdes Figueiral, com quem me cruzei num par de ocasiões, há declarações que não fazem qualquer sentido quando se diz uma coisa, o seu contrário e ainda uma versão twilight zone.
(nunca se falou em cortes, mas as aprendizagens podem fazer-se sem carga horária, os programas devem restringir-se ao essencial, mas não é para serem cortados… ontem era para haver semestres, hoje já não há, há abordagens transversais; e nem vale a pena cruzar isto com a prosa dos poucos progenitores do “perfil” que aparecem publicamente a defendê-lo – e cito de forma quase literal – na base do não encham a cabeça das crianças de conteúdos ou não empolem discursos sobre o conhecimento, num dia – David Rodrigues – e no outro que o saber não ocupa lugar – Guilherme de Oliveira Martins)
O secretário anda meio perdido no labirinto, porventura confundido com o brilho que acredita emanar da sua Razão e dos aplausos dos cortesãos do momento. Infelizmente, tenho poucas dúvidas que algo vai sair disto, mesmo que seja assim a modos que um…
Peço desculpa pela intromissão! É só para dizer que regressei ao “meu posto”. Era uma obrigação, pois ainda tenho muito afeto para dar.
http://lc-erama.blogspot.pt/2017/03/erama.html
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Depende das marés 🙂
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