O Horror à Verdadeira Liberdade de Escolha

Não estou a falar dos subsídios aos queirozezes… esse é todo um outro campeonato.

Falo do medo imenso, misturado com uma atroz desconfiança, que o ME foi desenvolvendo ao longo dos anos em dar liberdade às escolas e professores para decidirem como se organizar e como trabalhar.

Modelo de gestão escolar? Só pode haver um e nisso concordam quase todos os que por lá têm passado nos últimos 20 anos. Aquela parte da “democracia” só funciona se não for entre pares e se podermos escolher apenas diferentes tons de azul escuro.

Forma de organizar o trabalho pedagógico? Conforme os humores e inclinações dos senhores do momento, surge uma cartilha que se afirma com autoridade moral sobre todas as outras alternativas.

Concepção da avaliação e do que é sucesso? Idem, idem, aspas, aspas, sendo que as coisas mudam mais depressa do que os desamores de uma qualquer apresentadora de televisão ou diva de telenovela nacional. Agora temos os planos de sucesso e melhoria chapa mais.

Gestão do currículo? É “flexível” se for de acordo com o mesmo modelo. “Inovadora” se seguir os modelos aprendidos por alguns há 20 ou 30 anos. “Autónoma” desde que as aulas e os horários sejam contados ao minuto.

E poderia continuar…

Se gostassem mesmo de liberdade, encarariam as diferentes possibilidades como “alternativas” entre si e não numa lógica de supremacia de uma sobre todas as outras. Se as escolas quiserem voltar a organizar-se com um poder de tipo mais colegial porque devem estar proibidas de o fazer? As escolas privadas podem. A comunidade educativa prefere um trabalho pedagógico de tipo mais “conservador” (para alguns)? É acusada de imensos males e não pode seguir o que é feito em muitos “colégios de sucesso”, mais conservadores que a sardinha em conserva tenório. Mas se existir uma organização dos horários dos alunos e professores menos convencional, lá aparecem os senhores inspectores a embirrar com os 5 minutos deste intervalo ou daquele. Ou vai tudo por tabela ou a trabalheira para contornar todo o mais ínfimo normativo ocupa quase mais tempo do que o que interessa mesmo (basta ver as recorrentes queixas do director da Secundária de Carcavelos em relação a todas as inspecções por que passou devido a introduzir metodologias diferentes de trabalho – com as quais posso concordar ou não, mas não é esse o caso, entendem?).

A desconfiança em relação aos professores é imensa, o medo do regresso a práticas de “gestão democrática” colide frontalmente com o pensamento de quem acha que o modelo centralizado é óptimo (desde que não aplicado a concursos de professores), a apologia do “trabalho colaborativo” tem apenas um sentido (o descendente… colaborem lá a fazer o que mandamos…), a “autonomia” das escolas um cliché da novilíngua para ignorar e ir buscar tomates podres cada vez que alguém com rabo sentado na 5 de Outubro (ou nas Laranjeiras, ou na 24 de Julho que, apesar da vista para o rio nunca atraiu nenhum titular da pasta) garante que é desta que vai ser.

Liberdade? Democracia? Uma “Escola Cidadã”?

Que tal começarmos por dar o exemplo?

fio-de-prumo

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